A reinvenção do cinema

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As salas de exibição vão voltar ao normal após o término da pandemia do novo coronavírus? Essa é uma pergunta difícil de ser respondida nos dias de hoje, especialmente pelo fato de que ainda não existe uma perspectiva clara de quando essa crise acaba. Até que isso ocorra, iremos presenciar algumas empresas promovendo uma verdadeira reinvenção do cinema para se manterem vivas e operantes.

O impacto da pandemia nas salas de exibição

A crise provocada pelo novo coronavírus é essencialmente sanitária, mas possui severas implicações econômicas. As principais ações realizadas para combater o avanço do vírus e a superlotação dos hospitais afetam diretamente a economia.

Além de obrigar muitos negócios a fecharem as portas, ou a funcionarem em horários reduzidos, os protocolos de segurança também envolvem distanciamento social e uso contínuo de máscaras.

As salas de exibição, devido à sua natureza, são ambientes muito favoráveis à transmissão do vírus pois este é um negócio que envolve alimentação e aglomeração de pessoas em ambientes fechados.

Entendendo o impacto que a COVID causou no mercado de salas de exibição, muitos estúdios de cinema resolveram segurar seus lançamentos para algum momento no futuro, aguardando um mundo onde as pessoas já estarão vacinadas e aptas a lotarem as salas de cinema para ver suas estreias favoritas.

Não está fácil para os exibidores. De um lado, a pandemia os obriga a trabalhar sob rígidos protocolos, enquanto por outro lado, as ações dos estúdios e a acensão do VoD neutralizam a demanda do público. Como ficam as salas de cinema nesse cenário?

Reinvenção do cinema: a necessidade fomenta inovação

Se as crises costumam ser terrenos férteis em oportunidades, empresários do setor já começam a plantar novos modelos de negócios na busca por uma saída. O que esses exibidores buscam é um acerto que possa trazer mais segurança ao caixa da empresa, sendo efetivo ao proteger o negócio num momento de crise, ou encontrar novos nichos de mercado com bom potencial de crescimento.

Reinventar a maneira da empresa atuar é fundamental num momento complicado como o que estamos vivendo. As grandes redes de cinema possuem custos altos relacionados aos imóveis onde estão instaladas e aos equipamentos utilizados em sua operação diária.

Com as salas de exibição fechadas por um longo período de tempo, sobreviver à pandemia pode ser um tremendo desafio. Uma das maiores redes de salas de exibição dos Estados Unidos, a AMC, quase pediu falência no final de 2020, mas foi salva por uma nova emissão de ações e títulos de dívida que renderam cerca de US$ 1 bi ao caixa da companhia, valor suficiente para cobrir a empresa durante boa parte de 2021.

Novos modelos de negócio para as salas de exibição

A diversificação da oferta de serviços pode ser um caminho interessante para as redes de salas de cinema sobreviverem e de quebra ainda pode abrir novos nichos de mercado. Mesmo antes da pandemia, a Rede UCI, presente em diversos países, já trabalhava com transmissões de eventos ao vivo, shows musicais, campeonatos de e-sports, além de eventos presenciais.

Outra ação interessante é a exibição de conteúdos infantis nas salas no período da manhã, por meio da realização de eventos escolares ou não, trazendo o público para o cinema em horários alternativos onde as salas ficariam fechadas.

Seguindo estratégia parecida, o grupo Kinoplex também traz algumas alternativas semelhantes, porém com um foco maior na locação das salas. Agora é possível inclusive locar a sala de exibição para jogar videogame na tela grande. Festas de aniversário e eventos corporativos parecem estar no foco da Kinoplex.

Um outro modelo que pode crescer com o arrefecimento da pandemia é o de planos de assinaturas. Você paga um valor fixo mensal e tem direito a um número pré-definido de ingressos por mês para conferir as sessões daquela rede ou das redes parceiras.

Outros exibidores estão colocando seus catálogos também no mundo do VoD. Durante o ano de 2020, o cinema Petra Belas Artes lançou uma plataforma própria de VoD para manter o público sempre conectado à empresa por meio de uma programação baseada em filmes clássicos e cults, além de algumas obras mais recentes.

Todas essas ações surgem com o objetivo de diversificar as fontes de receita dessas empresas, que antes estavam totalmente focadas na bilheteria proporcionada pelos filmes de lançamento e nas receitas do bar e bomboniere.

As salas de exibição sempre foram um local dedicado à experiência do usuário. Assistir um filme com a qualidade do cinema é uma experiência bastante diferente do que ver em casa, por mais que você tenha um Home Theater bem bacana.

Talvez o pulo do gato para os exibidores esteja na migração de um modelo único de experiência, para um modelo mais diversificado, trazendo novos públicos e explorando melhor as possibilidades de programação.

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