Recentemente eu publiquei aqui no blog um review sobre o filme O Poço. Disponível na NETFLIX, o longa espanhol chamou a atenção de muitas pessoas durante a quarentena pela crítica que faz e pelo debate que levantou. Nos comentários da minha publicação no Facebook, algumas pessoas lembraram de outras obras com temáticas semelhantes. A indicação de vídeo de hoje é uma dessa obras, chamada Next Floor.
Metáforas para críticas sociais: O Poço x Next Floor
O curta Next Floor foi lançado em 2008, com direção de Denis Villeneuve e roteiro de Jacques Davidts. Onze convidados participam de um banquete luxuoso e repleto de fartura.
Na medida em que o curta evolui, vemos a áurea de nobreza dessas pessoas se transformando em algo muito pior, como se a competição pelo alimento as transformasse em animais. Quanto mais ingerem comida, mais o problema se agrava e mais voraz fica a fome. É um ciclo sem fim, que os leva direto a um abismo.
Outras metáforas semelhantes a Next Floor e O Poço
É difícil não notar certa semelhança estética e temática com “O Poço”. Esse tipo de metáfora criada para debater temas relacionados à hierarquia de classes sociais e sistemas econômicos é mais comum do que eu imaginava.
No longa O Cubo, algumas pessoas estão presas numa espécie de labirinto formado por milhares de cubos repletos de armadilhas e precisam descobrir uma maneira de sair dali antes de morram de fome, ou sejam mortos pelo cubo.
Em O Expresso do Amanhã, um trem abriga milhares de pessoas durante quase duas décadas. Na parte da frente do trem, uma classe social dominante desfruta de sua condição privilegiada. Na parte de trás, milhares de pessoas vivendo em péssimas condições resolvem tomar o poder do veículo.
Em O Poço, as pessoas estão presas numa prisão vertical que abriga dois prisioneiros por andar. Uma plataforma repleta de comida desce todos os dias pelos andares, ficando cerca de 2 minutos em cada nível. Se as pessoas dos níveis superiores racionassem a comida, todos poderia se alimentar e os presos dos níveis mais baixos não morreriam de fome.
Esse estilo de metáfora, onde situações específicas são criadas para aprisionar diversos tipos de personagens juntos, colocando-os frente a frente com suas diferenças e obrigando-os a trabalhar em conjunto para que a sobrevivência do grupo seja possível, tem uma eficiência narrativa já comprovada pelo cinema. Mas será que não haveriam outras maneiras de debater esse assunto na ficção?
