NETLABTV: Master Class Liz Devine – Resumo

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A Master Class com a Liz Devine foi o evento mais esperado do dia. Ela é uma das roteiristas da série CSI, que está no ar há 14 anos. Sucesso em vários países, CSI conquistou o público com sua maneira de investigar crimes. Esse formato deu origem a mais duas franquias da série. CSI: Miami e CSI: NY. Liz já escreveu 37 episódios para essas séries.

Master Class Liz Devine: Como uma série começa?

Liz abriu sua Master Class abordando o nascimento da série. A ideia de focar no caráter científico da investigação surgiu após seu criador, Anthony E. Zuiker, observar que as obras policiais da época nunca aprofundavam esse tema. Os crimes eram resolvidos, mas os procedimentos técnicos que levavam até a solução nunca eram mostrados claramente. Portanto, esse se tornou o núcleo da série. Com o passar dos anos, a série evoluiu e transformou a ciência numa espécie de mágica. Segundo Liz, isso atrai muito a audiência.

Com a ideia em mente, começa a pesquisa de campo. Visitar laboratórios criminais foi a etapa mais importante dessa pesquisa. Com as informações coletadas, chega a hora de escrever um pitch da série. É nesse momento que se elabora a estrutura narrativa. No caso de CSI, os episódios começam com um caso, em seguida isso evolui para um problema relacionado à alguma evidência do crime e termina com a resolução.

Para manter o público engajado, CSI nunca deixa a audiência à frente dos investigadores. É o mistério que conduz a narrativa e torna a série interessante. Sob esse aspecto ela fez questão de reforçar que a evidência do crime se torna um personagem tão importante quanto os investigadores. É ela que ajuda a conduzir o mistério da narrativa.

Escrevendo e produzindo um episódio

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Liz Devine apresenta um roteiro de CSI em sua Master Class

Um dos pontos mais interessantes da Master Class foi quando Liz Devine abordou o processo de escrita e produção de um episódio. No mercado americano, o roteirista-chefe é chamado de showrunner. É ele quem toma as decisões finais a respeito da história. Liz comentou que a criação de um capítulo começa com a apresentação de ideias ao showrunner.

Com uma ideia aprovada, eles começam a trabalhar nos arcos do capítulo. Isso se dá com a definição do crime original e a escolha de qual evidência será utilizada pelos investigadores para resolver o crime. Em seguida, eles realizam uma pesquisa específica para o capítulo, com o objetivo de preencher lacunas de informação. Afinal, a investigação precisa ser verossímil.

A próxima etapa do trabalho consiste em escrever toda a escaleta do capítulo numa lousa branca. Nas reuniões de criação, os outros roteiristas e o showrunner vão fazer observações sobre as ideias colocadas ali. Escrever na lousa facilita a visualização da narrativa, além de ser mais fácil de realizar alterações. Normalmente, as séries americanas trabalham com quatro atos. CSI utiliza de 5 a 6 cenas por ato. Depois que o episódio estiver estruturado, eles apresentam novamente para os outros roteiristas e o showrunner. A escrita do roteiro começa somente após a escaleta ter sido aprovada.

Outro padrão utilizado pelos americanos é a utilização de duas a três histórias por capítulo. São as histórias A, B e C. Muitas séries utilizam três histórias, mas CSI usa somente duas. Quando o capítulo é escrito por dois roteiristas, cada um fica encarregado de uma história. Em geral, eles possuem 10 dias para terminar o roteiro depois da escaleta ter sido aprovada.

Com o roteiro pronto, a próxima etapa é o que eles chamam de “Prep”, que consiste na leitura do roteiro pelo diretor. Ele irá fazer anotações sobre como essa história será gravada. É comum algumas alterações acontecerem durante a prep e também na leitura do roteiro pelos atores. Isso significa que o roteiro possuirá várias versões até chegar na sua fase final. Para assegurar que a equipe de produção está com a última versão do roteiro, eles utilizam o método das cores. Ou seja, eles imprimem uma versão nova do roteiro em folhas coloridas. Se você chegar no SET com um roteiro azul e ver todos trabalhando com um roteiro amarelo, possivelmente você está com uma versão antiga.

No CSI, o trabalho do roteirista vai até o dia da gravação. Eles acham importante a presença do roteirista no SET para realizar alterações de última hora nas falas dos personagens. Como o mistério é o fio condutor da narrativa, é preciso assegurar que nenhuma alteração impensada entregue de bandeja uma informação crucial ao espectador. Contudo, em outras séries é comum o roteirista não estar presente no SET.

O início como roteirista

Liz Devine também falou sobre sua trajetória pessoal. Ela se formou em biologia e trabalhou muitos anos num laboratório forense em Las Vegas. Durante a etapa de pesquisa para a série, Anthony visitou o laboratório em que Liz trabalhava. Ele a convidou para se tornar uma consultora técnica do seriado.

Inicialmente, o trabalho de Liz era fornecer as especificações técnicas que davam base para a resolução dos crimes de CSI. Os anos de prática nessa área fizeram dela uma ótima referência. Algum tempo depois, Liz abandonou a carreira forense e passou a se dedicar exclusivamente ao CSI. Foi nessa época que ela escreveu seu primeiro episódio. Liz disse ter sido uma experiência desafiadora, pois ela nunca tinha escrito um roteiro para televisão antes. Ela não sabia como formatar um roteiro e quais termos técnicos ela deveria utilizar. Foi quando recebeu uma dica importante para enfrentar esse nervosismo inicial. Algo do tipo “preocupe-se em escrever o que acontece na tela e o que os personagens falam”.

Então ela resolveu escrever sobre um dos casos que mais lhe comoveu quando trabalhava no laboratório da polícia. Liz disse que eram lembranças delicadas de resgatar e que ela chorou muito ao escrever esse roteiro. O resultado final foi ótimo e o roteiro dela foi gravado.

Em seguida, Liz Devine observou que não se sente tão a vontade para escrever outros tipos de série. A rotina dos investigadores do CSI é algo que ela vivenciou por mais de uma década. Certamente isso facilita a escrita e ajuda a deixar a história mais real. Ela possui alguns projetos pessoais de série, mas que ainda não conseguiu emplacar. Atualmente, Liz Devine continua estudando técnicas de roteiro para se aprimorar ainda mais nessa área.

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