Quem é você nas redes sociais?

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Já faz algum tempo que você acessa as redes sociais, mas é bem provável que se lembre da euforia que tomava conta nos primeiros acessos à nova ferramenta. Clicar aleatoriamente nos diversos botões e links até descobrir pra quê tudo aquilo servia e depois começar a usar. Adicionar, curtir e compartilhar foram verdadeiras revoluções na maneira como as pessoas se relacionam no mundo online.

Se antes você podia se conectar com as pessoas num modelo “sob demanda”, iniciando um chat ou um Skype, nas redes sociais você é exposto a elas na ordem em que os algoritmos acham que deve ser.  E quanta novidade!

O Orkut foi pra mim o lugar de descobrimento desse universo, apesar de já usar há tempos as outras ferramentas do mundo online, como grupos de emails, fóruns, servidores de games online e, é claro, o chat da Uol. (Oi, quer tc?!). Esse lance da conexão faz toda diferença.

Num primeiro momento, o Orkut foi esse lugar de ficar fuçando na vida das pessoas, visitando as páginas delas, lendo depoimentos, deixando scraps. Depois virou um lugar de encontrar memes e piadas geniais. O mar de criatividade do povo brasileiro já demonstrava seus sinais.

Os meus seis momentos no Facebook

Já o Facebook, quando eu entrei em 2009, era tudo mato aqui no Brasil. Poucas pessoas usavam, afinal o Orkut era muito melhor. Porém, um recurso me fez adorar a nova plataforma: games! Jogar Mafia Wars, Fazendinha e muitos outros era realmente uma experiência social.

Depois, começaram a entrar cada vez mais amigos no Facebook e ele virou uma espécie de corredor do prédio, quadra do bairro, pátio da escola. Um lugar cheio de amigos que trocam referências de tudo o que veem: música, filmes, séries, shows, esporte, a vida dos outros e eventualmente uma paquera aqui ou ali.

O terceiro momento do Facebook foi quando a família chegou na conversa. Mães, pais, tios, avós e primos de vigésimo oitavo grau. Agora, todos eles têm acesso às coisas legais e ao papo furado que você falava com seus amigos. Isso gera muitos tipos de reações na família. Algumas legais, outras nem tanto.

Quando achávamos que estava ruim, a coisa piorou um pouco mais: chegaram os colegas de trabalho! Chefes, funcionários, pares, clientes e fornecedores. Ao lado dos familiares, esse novo grupo de pessoas também começou a ler atentamente tudo o que você escreve, curte e compartilha despretensiosamente.  E isso pode afetar gravemente a sua relação com essas pessoas.

Quantos já não perderam o emprego por causa do que publicaram nas redes sociais? Uma coisa é peidar no elevador pra zuar os amigos, outra é fazer isso com os chefes e colegas de trabalho. Apesar de não ser algo totalmente aceito, fato é que uma hora ou outra, todo mundo peida! Portanto, peide na hora certa. Enfim..

O quinto momento do Facebook é quase a anarquia. Uma fase em que as pessoas estão tão interconectadas na plataforma, que muitos desconhecidos começam a te adicionar, motivados também pelo número de amigos em comum. O primo do amigo da filha da vizinha, agora é seu amigo também! Olha só que legal..

Repara na mudança de conteúdo do feed. Onde antes você recebia conteúdo de pessoas conhecidas e com as quais possuía algum tipo de relação no mundo real, agora se tornou um lugar com muito mais gente falando sobre coisas com as quais você não tem a ver necessariamente.

O Facebook se parece cada vez mais com televisão aberta. Você não chega na televisão em rede nacional falando qualquer asneira pois isso tem consequências. Acho que de certo modo, as pessoas se expressam como se estivessem num programa de entrevistas que todo mundo assiste e usam essa postura como um argumento de autoridade, para mandar indiretas aos desafetos ou tentar convencer os outros da sua opinião.

A diferença entre o Facebook de hoje em dia e a televisão é que na rede social todos possuem o mesmo poder de fogo. Todo mundo pode postar sua opinião sobre algo ou mandar indiretas. Mas uma coisa o Face e a TV ainda têm em comum. Não fazem barulho quando você desliga.

Já faz uns dois anos que tenho a mesma sensação quando navego no Facebook. A de estar entrando numa sala enorme, repleta de pessoas discutindo umas com as outras, muitas das quais eu não conheço. Muita gente brigando o tempo todo sobre dezenas de assuntos diferentes.

É um barulho que incomoda. Troca de farpas, ofensas, indiretas e um mar de discurso ideológico.

Prefiro voltar para o corredor do prédio….

Ainda bem que ainda existe o Twitter!

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