RCM 2017 – Formação da Audiência – Arte, educação e cultura

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Muitos debates sobre televisão acabam caindo para aquela conversa de que essa mídia aliena, emburrece e manipula. Apesar de não ser obrigação da TV enquanto mídia educar seu público, há quem o faça com uma certa maestria. No painel Arte, Educação e Cultura – Formação da Audiência, foram apresentados os trabalhos de alguns canais nessa área.

Mediado por Clélia Bessa, da Raccord Produções, o painel contou com a presença de João Alegria, do Canal Futura, Monica Franco, da Fundação Roquette Pinto, Valter Sales, do SESC TV e Caique Novis, da TV Brasil.

Formação da audiência através do conteúdo e de parcerias

O painel começou com João Alegria falando sobre o Canal Futura. No próximo mês de Setembro, o Futura completará 20 anos de existência e hoje ele é considerado mais do que apenas um canal de TV. João explicou que o Futura sempre se construiu por meio de parcerias, em especial com movimentos sociais, ONGs e universidades.

O Futura trabalha a serviço do interesse público, com foco na educação e na transformação social. Cerca de dois milhões de professores utilizam os conteúdos do canal Futura em suas aulas. No ano de 2016, o canal passou por uma reestruturação com a intenção de aumentar sua relevância e alcance no ambiente digital. Eles estão produzindo conteúdos diretamente com seu público, atacando as últimas fronteiras da produção.

João Alegria também disse que o Futura agora tem uma plataforma de VoD, o FuturaPlay, que abriga o conteúdo do canal e também faz transmissão ao vivo da programação. O foco do Futura está sobre cinco eixos principais:

  • Empreendedorismo, trabalho e renda;
  • Direitos Humanos e cidadania;
  • Sustentabilidade;
  • Formação profissional;
  • Cultura, língua e linguagens;

João finalizou sua fala com um pensamento sobre a televisão educativa.

[blockquote3]Televisão educativa não é videoaula. É um local para a construção do conhecimento, do pensamento crítico e criativo.[/blockquote3]

Inovação e acessibilidade

TV Ines - acessibilidade

Monica, da Roquette Pinto, explicou que a fundação produz o canal TV Escola, além de um outro canal focado no público surdo, o TV Ines. Eles querem se posicionar como uma organização inovadora na comunicação educativa. Os canais são distribuídos em TV aberta, na internet e também via satélite.

Além dos canais, eles também fazem projetos de acessibilidade para museus e produzem conteúdo audiovisual por meio das leis de fomento. São responsáveis pela gestão do acervo da Cinemateca Brasileira. Como possuem um foco em inovação, querem produzir conteúdo de games, realidade virtual e aumentada. Porém, essas áreas ainda demandam muito investimento em produção.

Monica chamou a atenção para o fato da TV ainda educar muita gente em nosso país. Nesse contexto, o espaço da TV educativa é importante para que sejam oferecidas novas opções para auxiliar a formação da audiência.

TV Pública é a mesma coisa que TV Educativa?

Para Valter Sales, do SESC TV, existe uma confusão muito grande entre as palavras público e educativo. A palavra ‘público’ se confunde com o conceito de estado, enquanto que a palavra ‘educativo’ se confunde com pedagogia. Valter disse que é importante não fazer essa confusão. A SESC TV é uma iniciativa privada com finalidade pública, mas não se considera industria criativa, pois trabalha com o conteúdo sob uma perspectiva educativa.

A SESC TV atua valorizando a educação dialógica, onde o objetivo final é a construção de significado. O canal não possui estrutura de produção. Eles trabalham com a produção independente e cultural. Trabalhar com diferentes produtores confere uma diversidade de pensamentos e pontos de vista na programação, algo que seria impossível de atingir com uma equipe fixa. E a diversidade de pensamento é um ponto importante.

A emissora espelha a programação do SESC, sempre com o objetivo de construir conteúdos perenes, que não sejam efêmeros ou factuais.

Reestruturação da TV Brasil

Caique começou explicando que a TV Brasil nasceu da TVE Carioca, da Roquette Pinto e da TV Nacional de Brasília. Ele chegou à empresa há apenas 4 meses e verificou que não existe presença digital. Seu objetivo é reestruturar a emissora para atingir as classes C, D e E, que não possuem TV paga.

Atualmente ele está adaptando a programação do canal, que estava muito desorganizada. O primeiro passo é segmentar os conteúdos em horários e dias da semana, valorizando também a programação infantil que possui bons índices de audiência no canal.

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