RCM 2017 – Uma conversa com Zola Mashariki

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Zola Mashariki é uma experiente produtora norte-americana, com 15 anos de serviços prestados à FOX nas áreas de produção e jurídico. Ela é graduada em direito, tendo trabalhado em grandes empresas americanas atuando com fusões e aquisições. Zola entrou na Fox Searchlight em 2000 e em 2008 se tornou Vice Presidente Senior. No ano de 2015, Zola se movimentou e passou a atuar como Chefe de Conteúdo Original na BET (Black Entertainment Television), canal do grupo Viacom direcionado ao público Afro-americano e que atinge cerca de 84 milhões de residências nos EUA.

Zola Mashariki no Rio Content Market

Sua presença no Rio Content Market ocorreu para o lançamento de Rebel. A série narra a história de uma policial negra que, após ter seu irmão assassinado por um policial branco, se rebela transformando-se numa espécie de justiceira. Além disso, Zola apresentou um painel no primeiro dia do evento sobre a diversidade no audiovisual. Ela deu dicas interessantes sobre a questão racial aos produtores nacionais.

Diversidade no audiovisual brasileiro

Zola Mashariki começou a apresentação falando de si mesma. Ela nasceu e cresceu no Brooklin, subúrbio de Nova Iorque e se formou no curso de Direito em Havard. Ao falar sobre seu trabalho, Zola disse que o que faz é produzir conteúdos, encontrar talentos e ajudar esses indivíduos talentosos a realizarem seus trabalhos. Tudo isso fruto do desejo que ela tem de contar histórias que representem de algum modo a realidade.

Sobre a diversidade, Zola disse que o público em geral gosta de histórias boas e que representem sua realidade. E a realidade é diversa. Por isso a necessidade do audiovisual também possuir diversidade. Ainda sobre o consumo, Zola elucidou que o critério de seleção que a audiência faz é baseado na qualidade do conteúdo, que consegue entreter. Por isso é importante saber as histórias relevantes a serem contadas.

Ela questionou ainda o fato do Brasil ser um país tão heterogêneo em sua etnografia e não ter esse mesmo tipo de diversidade em sua produção audiovisual. Onde estão os atores e profissionais negros, estrelando suas próprias produções? Zola falou um pouco sobre como a segregação racial era explícita e agressiva nos EUA dos anos 60, o que deu origem à um movimento de representação negra. Ela mencionou diversos ídolos da cultura negra na música e no audiovisual, de Spike Lee até Viola Davis, de How To Get Away With Murder (excelente série por sinal!).

Concluindo esse bloco de sua fala, Zola Mashariki disse:

O negro não é só bonito, mas sim um ótimo negócio

Don’t wait. Find your crew!

Rebel, produção original do BET para 2017.

A melhor coisa que um profissional negro pode fazer no seu mercado é abrir portas para outros colegas e os inspirarem a serem mais e a fazerem o mesmo, gerando mais oportunidades para todos. Zola deu o exemplo de Jay Z, que a cada prêmio que recebia fazia questão de mencionar o Brooklin e seus colegas de lá. Sua crew. O resultado disso? Hoje o valor das casas no Brooklin é muito maior do que era antes.

Encontre suas pessoas e trabalhe com elas

Todos os grandes astros possuem um grupo de pessoas que os ajudam a criar, a melhorar, a se superar cada vez mais. Zola disse que se você é um criativo, não espere o investimento de canais para produzir o seu conteúdo. Simplesmente produza. Faça o melhor que puder com as ferramentas que você já possui. Há outros caminhos para viabilizar seus projetos.

Entrevista com Zola Mashariki

Após fazer sua exposição, Zola conversou com o ator Lázaro Ramos e a Viviane Ferreira, Presidente da APAN – Associação de Profissionais do Audiovisual Negro. Nesse papo, podemos destacar uma dica interessante sobre a produção dos conteúdos. Zola disse que as questões sociais são importantes, mas elas não são o que o público procura em primeiro lugar.

Portanto, filmes que abordam a temática da escravidão podem não ter tanto público e seu impacto será pequeno, o que gerará menos oportunidades aos profissionais negros. É preciso entregar conteúdo de qualidade excelente, que dialogue com as demandas do público, para promover o negro na cadeia audiovisual. Os produtos precisam ter a função de entretenimento, além da função social.

Como exemplo, Zola citou uma produção de médio orçamento, um thriller extremamente comercial e voltado para o grande público, mas que aborda em sua história a temática do racismo. Desse modo, a obra levanta uma questão social por meio de um produto de grande apelo com o público.

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