RCM 2016 – PrimeTime YouTube

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Uma das apresentações mais aguardadas do Rio Content foi o Primetime do YouTube. Alvaro Paes de Barros, Diretor do YouTube no Brasil iniciou a apresentação que durou cerca de uma hora e meia. A apresentação também com outros executivos da empresa e alguns YouTubers de sucesso para falar de seus casos.

Um pouco mais sobre o YouTube

YouTube

O YouTube foi comprado pelo Google em 2006. Já são dez anos de vida e uma verdadeira revolução aconteceu nesse tempo. Atualmente, o YouTube é o maior destino de vídeo digital do planeta. “E estamos só começando”, nas palavras de Alvaro.

O lema da companhia “Broadcast Yourself” retrata bem o lado democrático e colaborativo da plataforma. E isso só foi possível graças ao barateamento das tecnologias de produção. Câmeras, iluminação, microfones. Cada vez mais os equipamentos de produção possuem alta qualidade a preços acessíveis. Essa democratização dos meios de produção de vídeo foi uma onda que o YouTube surfou bem.

O YouTube é uma plataforma democrática e os YouTubers são a alma dessa plataforma. Os usuários fazem upload de 300 horas de vídeo por minuto. O Brasil é a segunda maior audiência do YouTube no mundo.  E por falar em mundo, o site é acessado por 1 bilhão de usuários todos os meses. Alvaro mencionou alguns dados interessantes sobre o consumo de vídeo. Pelas informações que ele trouxe, nós consumimos cerca de 5 horas de vídeos por dia, sendo que 1h25 minutos nós vemos online.

O pico de audiência na TV ocorreu em 2009. Desde então, essa audiência vem caindo constantemente, dando lugar para o consumo de vídeo online. Cada vez mais os jovens assistem menos TV.  Essa queda de audiência é perceptível também na TV paga, com o cancelamento dos pacotes de canais. Nos EUA, 625 mil pessoas já cancelaram seus planos de PayTV. Nesse momento, Alvaro lançou uma previsão.

Até o final desta década, a audiência de vídeo online será maior do que a audiência da TV. E o YouTube vai ser a grande força dessa mudança.

Bom, faltam pouco mais de três anos para vermos isso acontecer. Vai ser interessante testemunhar esse novo padrão de consumo de vídeo transformando os meios de criação e produção de conteúdos audiovisuais.

Os cinco pilares do vídeo online

Alvaro explicou que há cinco pilares que dão suporte para essa mudança, que deve acontecer até 2020.

Pilar 1: O Poder da Comunidade

Alvaro deu a palavra para Eduardo Brandini falar mais sobre os YouTubers. Brandini disse que o conteúdo é o verdadeiro dono da audiência, não importa o meio de transmissão ou distribuição. É por conta dele que as pessoas seguem canais e compartilham os vídeos.

Brandini relembrou uma capa famosa da revista Wired, em 2010, com o título: The Web is Dead. Na matéria, a revista apresentava gráficos que indicavam o tráfego na internet dividido entre diversos recursos/serviços. Pela primeira vez, o volume de vídeo trafegado na rede havia superado todo o restante, que é composto por navegação na web, e-mails, ftp, redes de peer-to-peer e etc.

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Gráfico do consumo de banda de internet por tipo de serviço.

Naquela época o YouTube recebia 35 horas de conteúdo por minuto. Hoje são mais de 300 horas. Brandini disse que algumas ferramentas possibilitaram esse crescimento. A principal delas foi a política de proteção aos direitos autorais, o copyright. Com isso, todo criador tem controle absoluto sobre como seu conteúdo pode ser visto e compartilhado na plataforma. Isso deu mais segurança aos produtores, sejam eles profissionais ou não.

Além disso, a mobilidade também é um fator determinante para esse crescimento. Os acessos mobile representam a maior parte da audiência na plataforma. E finalmente, a grande variedade de conteúdos que existem dentro do YouTube, publicados por sua enorme comunidade de usuários, o transformou  na segunda plataforma de pesquisa mais acessada no mundo. Perdendo apenas para seu dono, o Google.

Pilar 2: Autenticidade

Mas por quê alguns canais fazem tanto sucesso na plataforma, e outros não? A resposta é simples: autenticidade. Quanto mais autêntico for o conteúdo, mais o público assiste. E isso projeta os YouTubers ao status de ídolos. Das 10 celebridades brasileiras mais influentes no mundo, cinco são YouTubers. Exemplos de YouTubers de sucesso não faltam: Kéfera, Camila Coelho, Porta dos Fundos, Rezende Evil, Pipocando, Desce a Letra, Manual do Mundo, e por aí vai.

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Kéfera e sua legião de fãs

Uma característica da audiência do YouTube é o engajamento que eles possuem com os canais. Eles não tem views, mas sim fãs. Nesse ponto, Brandini chamou ao palco o pessoal da Blue Filmes, Bruno Bock e Rolandinho BR, para falar sobre o Canal Pipocando.

Canal Pipocando

Produzido pela Blues Filmes, o Pipocando é hoje o maior canal de cinema da América Latina. Bruno explicou que o projeto demorou cerca de um ano e meio para dar retorno financeiro. Foram R$ 140 mil de investimento, num período de 10 meses. Em seis meses de projeto, eles já haviam conseguido um espaço na TV e em seguida o projeto conseguiu se pagar.

Bruno também disse que para dar dinheiro é preciso um número enorme de views.  Com seis milhões já é possível cobrir o custo de operação com a receita mensal. Tudo o que é feito como branding, é um cachê extra para os donos do canal.

Pilar 3: Mobilidade

Alvaro retornou após a apresentação da Blues e abordou o pilar da mobilidade. O vídeo digital é essencialmente móvel. Mais da metade dos acessos do YouTube no Brasil são feitos por dispositivos móveis. Outro fator importante sobre a mobilidade, é a facilidade de compartilhamento do vídeo.

Pilar 4: Negócios

Este pilar é um dos mais interessantes. A autenticidade vai fazer com que o seu canal consiga muitos inscritos. Essa boa base de seguidores abre portas para outros tipos de negócios. Para falar mais disso, Alvaro chamou o Galo Frito, que é um dos quatro canais brasileiros a ultrapassar a marca de 1 bilhão de views.

Já são mais de 500 vídeos no canal, que começa a explorar outras formas de negócio montando um projeto para teatro. Além disso, eles estão tocando outro projeto de canal de animação chamado Cinco e Alguma Coisa.

Em seguida, André Barros, da Network Brasil falou mais sobre negócios. Hoje o canal Desimpedidos, que faz parte da rede NWB, é o terceiro maior canal de futebol do mundo. André explicou que a NWB nasceu com investimento de venture capital e hoje agrega diversos canais brasileiros de sucesso.

 

Depois de falar um pouco sobre o Desimpedidos e sobre a NWB, Alvaro comentou que eles são considerados a terceira geração de criadores. Essa geração vê a plataforma do YouTube como um modelo de negócios.

Pilar 5: Inovação

O quinto pilar do vídeo digital é a inovação. Se as tendências se confirmarem, e elas já estão se confirmando, a realidade virtual e os vídeos em 360 irão se expandir muito. Especialmente com a chegada dos óculos de realidade virtual que utilizam o celular como hardware principal. Exemplo desse tipo de Gadget é o Google CardBoard. Há um artigo específico sobre Realidade Virtual na lista de posts no final deste artigo, que detalha melhor essa tendência. Esse post será publicado em breve. (assine o site ali no rodapé se não quiser perder essa atualização)

Democratizar os meios de produção é também uma forma de criar inovação. O YouTube Space é um lugar onde os YouTubers podem ir para gravar seus vídeos, utilizando equipamentos e estúdios do YouTube gratuitamente. Alvaro disse que o YouTube pretende chacoalhar a estrutura atual de produção de conteúdo, promovendo mais aprendizado, conexão e produção de conteúdo entre os YouTubers.

Atualmente existem vários YouTube Spaces pelo mundo. Los Angeles, Nova Iorque, Tóquio, Londres, Munbai, São Paulo e Rio de Janeiro. Alvaro pontuou que o YouTube Space que está sendo montado no Rio de Janeiro vai ser o maior da América Latina.

Bate Papo sobre modelos de negócios.

A última parte do Primetime do YouTube no Rio Content Market foi um bate papo com os produtores. Manoela, que trabalha no relacionamento com criadores, conduziu a conversa abordando a Network Brasil.

NWB: Como vocês pensam o mix de canais?

A iniciativa de trazer canais que não eram produzidos pela NWB, foi pela sinergia que eles tinham com os donos desses outros canais. O relacionamento entre eles foi fundamental. Além disso, outro fator que conta muito é o potencial de venda que o canal oferece.

Pipocando: Vocês fecham parcerias de longo prazo com as marcas. Como conseguem?

Eles pensaram muito num modelo de negócios que traga parceiros fixos. Isso daria mais estabilidade para a produtora, uma vez que o fluxo de trabalho oscila muito ao longo do ano. O primeiro cliente de longo prazo foi a PlayTV, que comprou vídeos do canal para veicular em sua grade.

Em seguida, vieram dois outros parceiros relacionados ao conteúdo. Um deles é a escola de inglês, Skill. A parceria surgiu da necessidade dos apresentadores saberem falar corretamente o inglês para comentar os filmes. Essas parcerias também abrem portas para a produção de conteúdos e pautas que eles não conseguiriam tão facilmente sozinhos.

Galo Frito: Os projetos são pensados em longo prazo? Como chegam as ideias dos programas?

O Galo Frito não foi criado pensando em venda. Foi uma produção que cresceu e ganhou notoriedade com o tempo. Já o Cinco e Alguma Coisa foi pensado visando retorno financeiro. E a proposta de conteúdo era de produzir vídeos que as pessoas queiram assistir mais de uma vez. Isso dá notoriedade ao canal, que poderá também lucrar com licenciamentos mais tarde.

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