RCM 2016 – Case Study Terminadores – Turner + Hungry Man + BAND

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Visitar os painéis de eventos como o RioContent Market é importante pois te mantém ligado nas tendências e novidades do mercado. Mas só isso não basta. O mercado audiovisual brasileiro está em fase de desenvolvimento e diversos empreendedores desse setor ainda possuem dúvidas com relação aos modelos de negócios que podem funcionar melhor.

A série de painéis ‘Case Study’ apresentou em detalhes como algumas produções foram viabilizadas. Produtores, criadores, programadores e executivos de canais explicaram algumas etapas e processos de trabalho que foram realizados para que projetos recentes fossem ao ar. Eu estive presente no painel do Terminadores.

Como levar Terminadores ao ar?

Terminadores é uma série de comédia, que apresenta o cotidiano de uma agência especializada em terminar relacionamentos. Você não tem coragem de terminar com sua esposa ou marido? Os Terminadores resolvem essa parada pra você. Estavam presentes no painel, Luis Vidal, produtor executivo da série, Silvia Elias, executiva da Turner, e o Diretor de Programação da BAND, Fernando.

A produtora Hungry Man já atua no mercado de publicidade há algum tempo, mas nos últimos três anos optou por trabalhar também com o desenvolvimento de conteúdo. Eles se baseiam em três premissas para isso:

  1. Criar e produzir original, com foco na Propriedade Intelectual
  2. Realizar projetos a partir de parcerias
  3. Optar por conteúdos com relevância global.

Luis explicou que a ideia da série surgiu a partir de um capítulo de um livro que não foi publicado. A logline do projeto era simples, o que demonstrava a solidez do conceito da série, o que por sua vez facilita a venda. Inicialmente o GNT gostou do projeto, mas a série não vingou lá.

O projeto Terminadores amadureceu mais quando a ideia foi apresentada para a BAND. Lá o projeto amadureceu como formato e como personagens. Nessa etapa foi criada uma writers room com cinco roteiristas, todos com dedicação exclusiva ao desenvolvimento dessa série. Esse trabalho de desenvolvimento durou quatro meses. A partir disso, passaram para o casting e procura de elenco.

Adaptações necessárias em Terminadores.

Fernando, da BAND, explicou que algumas alterações foram solicitadas aos criadores para que o projeto fizesse sentido na grade da emissora do Morumbi. A BAND procurava algum conteúdo de ação para sua faixa de dramaturgia, que tivesse em nível mais avançado de desenvolvimento.

Para se adaptar à grade, o projeto foi alterado de 13 episódios de 30 minutos, para 8 de uma hora. Além disso, a estrutura de alguns personagens também mudou de acordo com as solicitações da emissora. A entrada da Turner no projeto, como janela de exibição para TV paga, ajudou a compor o financiamento do projeto. E a BAND disse optar por parcerias para viabilização dos novos programa. X-Factor, por exemplo, é uma parceria de co-produção com a SONY.

Fernando também apontou que eles mudando a estratégia de construir programação com foco apenas na audiência real time. Olhar para um catálogo rico de OnDemand, também faz parte da estratégia da emissora.

Solidez do formato Terminadores.

O conceito bem definido é fundamental para o projeto. Sylvia disse que nesse caso não houve a necessidade de convencimento. A ideia do projeto estava bem clara e a produtora demonstrou ter uma segurança narrativa para o desenvolvimento de Terminadores. Além disso, outro fator que contou a favor foi a abertura da produtora a realizar adaptações e acatar sugestões para o projeto.

Financiamento da produção.

Uma das perguntas da plateia foi sobre a Engenharia de financiamento desse projeto. Terminadores utilizou recursos do FSA por meio do PRODAV 01, uma linha aberta desde 2014 para financiar obras em todas as fases de produção. Para solicitar o recurso ao FSA, a produtora apresentou à ANCINE uma carta de interesse da BAND no projeto.

A Turner aportou recursos por meio do Artigo 39, que tem como foco programadoras internacionais. Por meio desse artigo, a programadora pode ficar isenta do CONDECINE caso destine 3% do valor da remessa que fazem ao exterior para o financiamento de produções brasileiras. Além dessas duas fontes, a produtora também aportou recursos próprios, como exige a lei. Essa contrapartida é de, no mínimo, 5% do valor do orçamento de produção.

Sala de roteiristas, direito autoral e propriedade intelectual.

Uma das características que colaboraram para o sucesso da viabilização do Terminadores, foi a sala de roteiristas. Os roteiristas estavam em dedicação exclusiva ao projeto e esse trabalho ofereceu um produto bastante consistente.

Apesar disso, nenhum roteirista possui participação no direito patrimonial da obra. Durante o painel eu perguntei como ficou a divisão de direito patrimonial entre os diversos agentes (canal aberto, produtora, canal fechado). Eles responderam que 51% do direito patrimonial ficou com a produtora, 22% ficou com a Turner e a BAND não participou dessa divisão de PI. Segundo Fernando, a BAND é apenas a primeira licenciadora e optou por não comprar o equity do formato. Isso abriu a porta para a Turner entrar. Ficou faltando eles dizerem onde ficaram os outros 27% de PI.

Após o painel, conheci uma das roteiristas que me informou que nenhum deles ficou com PI desse projeto. Talvez o pessoal da Hungry Man perceba num futuro próximo que o potencial da sala de roteiristas que eles fizeram vai se tornar muito maior quando eles começarem a dividir a propriedade intelectual dos projetos com os autores das obras.

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