Telas Fórum 2015: Perspectivas para o audiovisual brasileiro

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O evento de abertura do Telas Fórum debateu as principais perspectivas para o mercado audiovisual brasileiro nos próximos anos. Com a lei 12.485 em vigência desde 2011, é possível ter uma melhor noção do impacto que ela causou na produção independente brasileira. Depois de uma breve explicação sobre a mudança do nome do evento de Fórum Brasil TV, para Telas Fórum, André Merlmenstein chamou ao palco Alfredo Manevy, presidente da SP Cine.

A influência do fomento no audiovisual brasileiro.

Manevy começou sua apresentação agradecendo a presença de varias autoridades e dos convidados internacionais. A ordem do dia foi invertida, pois o primeiro a falar seria Manoel Rangel, presidente da Ancine. Porém, o vôo de Rangel atrasou.

Alfredo Manevy destacou o avanço do audiovisual brasileiro com as políticas publicas. Disse que elas foram fundamentais para o crescimento do setor, mas que agora é hora de uma nova agenda. Novas questões precisam ser atendidas para que seja possível dar continuidade ao desenvolvimento do setor audiovisual brasileiro.

Segundo Manevy, o fomento está ajudando a construir um sistema de articulação audiovisual que é muito importante para o Brasil. Instâncias regionais são importantes, para racionalizar o orçamento e a co-produção. Nesse sentido, é fundamental articular territórios fora do eixo RJ-SP, para que ocorra crescimento de audiência e também da produção audiovisual em outros estados.

SP Cine, inaugurada em Janeiro, está à todo vapor.

Manevy destacou a recente história da SP Cine. A empresa de cinema de São Paulo foi inaugurada em Janeiro de 2015 e já contribui em várias etapas da produção audiovisual paulista. A SP Cine trabalha em várias frentes ao mesmo tempo, procurando incentivar o crescimento do setor e também participar dos modelos de negócios praticados pelo mercado. Os projetos da empresa envolvem produção, distribuição, desenvolvimento, formação de profissionais e muito mais.

Nova metodologia de fomento.

Se no passado as políticas públicas de fomento eram muito voltadas para a produção, e possuíam uma preocupação muito grande com a prestação de contas em detrimento do conteúdo, hoje em dia as políticas de fomento procuram valorizar produtos que tenham potencial para se desenvolver no mercado.

Dentro dessas ações, Alfredo anunciou que o edital de produção independente para séries será lançado nas próximas semanas. Esse edital visa atender uma demanda existente em São Paulo. Serão R$ 10 milhões de investimento, sendo que R$ 8,5 milhões serão destinados à produção e R$ 1,5 milhão para o desenvolvimento das séries.

Obedecendo a nova metodologia de fomento, o desenvolvimento dos projetos vai ser realizado em parceria com os canais. Desse modo, os recursos públicos serão aplicados em projetos que tenham espaço nas grades das emissoras. O edital estará aberto para a TV Paga, mas também vai abrir espaço para a produção independente na TV aberta. Além das emissoras, serviços de OTT poderão participar também. Os canais ouvidos pela empresa deram retorno positivo para a proposta.

Outro anúncio feito por Manevy, foi o envio da Lei de Filmagens de São Paulo para a votação na Câmara, centralizando na SP Cine a emissão de autorizações para gravações realizadas na cidade. A empresa poderá rediscutir os preços dessas autorizações.

Crise pra quem?

crise-economica

Apesar da economia brasileira estar vivendo seu pior momento nos últimos 12 anos, o setor audiovisual brasileiro resiste ao avanço da crise. Segundo Manevy, o setor dobrou de tamanho nos últimos cinco anos e já representa uma fatia de 0,5% do PIB brasileiro.

Dentre as produções que envolvem brasileiros, ele destacou Narcos por ser a quinta série mais vista no mundo. Comentou também sobre a presença de Chris Brancato num dos painéis do evento.

Sobre retorno econômico dos projetos incentivados.

O longa ‘Que Horas Ela Volta’ é o primeiro filme da SPCine que está dando retorno financeiro para a empresa. Nos modelos novos de fomento, os fundos participam do lucro das obras incentivadas. Desse modo, projetos de sucesso poderão gerar fundos para sustentar o investimento público no setor.

Que horas ela volta FINAL
‘Que Horas Ela Volta’ entrou na linha de investimento do filme médio. Palpitou que o Brasil vai desenvolver muitos projetos desse tipo, onde haverá qualidade de conteúdo e potencial comercial ao mesmo tempo.

Disse que é importante valorizar os roteiristas, mas ao mesmo tempo eles precisam se preocupar mais com as demandas do público. Manevy citou a movimentação da Associação de Roteiristas, em criar uma arrecadadora de direitos autorais para exibição pública de obras audiovisuais, de modo similar ao que já é feito para os músicos. Essa é uma luta antiga do setor, que luta pelo reconhecimento de seu papel nas obras. Manevy ponderou que espera que a nova arrecadadora não nasça com os vícios do ECAD, mas acha bastante positivo a proposta da AR nesse sentido. Houve também um painel na OCA sobre esse assunto.

ANCINE no comando.

Manoel Rangel iniciou sua fala destacando a importância do evento para o mercado. Ele compartilhou apresentação do programa Brasil de Todas as Telas, ano 2, para falar sobre os resultados e metas do setor.

Rangel disse que a ANCINE vê com entusiasmo a criação da SP Cine e destacou o ótimo momento do audiovisual brasileiro. Apresentou alguns números de crescimento em bilheterias e da presença de conteúdos independentes na TV.Disse que o crescimento de conteúdo brasileiro na TV paga foi de 25% a 27%, entre os anos de 2011 e 2013, fruto da Lei 12.485. A estimativa de demanda de conteúdo gerada por essa lei é da ordem de 33 mil horas por ano.

Estamos longe dos objetivos, mas passos importantes foram dados.

Rangel explicou que isso foi resultado da ruptura que foi promovida na política de financiamentos, que eram pautadas em longas metragens usando incentivos fiscais com foco exclusivo na produção. As mecânicas de financiamento foram alteradas para promover uma melhora nos resultados. Agora dedica-se mais atenção ao conteúdo do que está sendo produzido, investimento simultaneamente em várias etapas do processo de produção audiovisual. Destacou a importância da Ancine, do BRDE, da SPCine, da RioFilme e de outra entidades nessa mudança de paradigma.

Manoel Rangel apresentou um gráfico com o investimento publico no setor, apontando um volume de R$ 1 bilhão investido pelo FSA em seis anos. Além do crescimento da TV paga, os dados apontam aumento do parque exibidor de cinema e da distribuição de filmes em território brasileiro. A ação estratégica da ANCINE no audiovisual é a criação de um mercado robusto de licenças para TV e cinema, o que criaria condições de sustentabilidade para o setor.

Fomento sem fundo perdido.

Muitas das políticas públicas de fomento praticadas no passado eram consideradas de ‘fundo perdido’. Ou seja, é um investimento feito sem a perspectiva de que esse valor retorne para o investidor no futuro. Atualmente, o fator que baliza a elaboração das políticas públicas é justamente a perspectiva de retorno.

Rangel destacou também a relação entre as diversas janelas de exibição, dizendo que é muito importante intensificar o relacionamento entre TV Paga, distribuidoras de cinema, criadores de conteúdo e produtoras.

O presidente da ANCINE também destacou que vários gargalos na produção audiovisual brasileira já foram identificados, e as ferramentas para enfrentar esses problemas já existem. Nesse sentido, diversidade é considerada uma palavra chave para o desenvolvimento do setor. Isso abre, inclusive, um espaço para o desenvolvimento de jogos eletrônicos. O audiovisual interativo também será alvo de políticas específicas que ainda estão sendo discutidas e desenvolvidas pela agência.

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