Telas Fórum 2015: Explorando o mercado de VOD

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Este painel definiu e aprofundou alguns conceitos que fazem parte do mercado de VOD. O que há alguns anos era uma promessa, hoje em dia é uma realidade que está tirando vários canais da zona de conforto. O painel foi apresentado pelo advogado Gilberto Toscano, da CQS Advogados, e pelo produtor João Worcman, da Synapse Produções.

Como funciona o mercado de VOD?

O gráfico acima, retirado do site da Virety, oferece um belo panorama do setor. No Fórum Telas, Gilberto Toscano e João Worcman explicaram os diversos tipos de VoD e de modelos de negócios que estão sendo praticados atualmente. As principais características dessa janela de exibição são:

  • Distribuição pela internet, barata e ilimitada: As plataformas de VoD se caracterizam por ser um imenso catálogo virtual de produtos. Por ser virtual, na prática, não existe limitação de conteúdo na plataforma. Por meio dessa tecnologia é possível oferecer centenas ou milhares de títulos. Muito diferente do que acontecia numa locadora de vídeos, por exemplo, onde o número de título disponíveis para o público estava condicionado ao espaço nas prateleiras da locadora. No mercado de VoD, essa limitação é facilmente superada.
  • Trabalha bem com nichos: Por ser capaz de oferecer um número muito grande de produtos, as plataformas de VoD são locais perfeitos para trabalhar com nichos de público. Como não existe a limitação da prateleira, a oferta de produtos não precisa estar restrita aos grandes sucessos do mercado.
  • Usuário determina quando quer ver: Outra característica do VoD, é o poder que o usuário tem de escolher quando quer ver o conteúdo. Não existe uma grade linear de programação. O usuário acessa o conteúdo que ele escolher, quando ele escolher.

Após uma breve conceituação do serviço, Gilberto passou a explicar os principais modelos de negócios que são praticados nesse mercado. O primeiro a ser abordado foi o AdVOD. Um modelo que se baseia na exibição de anúncios (Advertising) para poder oferecer o conteúdo gratuitamente ao usuário. O Crackle, serviço de VOD da Sony, trabalha com esse modelo.

Já o SVOD é um modelo baseado em assinaturas (Subscriptions). O usuário paga um valor fixo para ter acesso ao conteúdo da plataforma. O maior exemplo desse modelo é o NETFLIX, como você pode observar no gráfico do início deste artigo. Ainda não há um modelo padrão de divisão de receitas entre plataforma e produtor, mas algumas experiências estão sendo feitas com remuneração baseada em número de novas assinaturas e números de visualizações do conteúdo.

Há também o TVOD, o modelo transacional. O usuário possui acesso a um conteúdo específico de cada vez. Ele pode navegar por todo o catálogo da plataforma, mas para ter acesso ao conteúdo ele deve pagar individualmente por cada vídeo. É um modelo baseado em transações, onde a plataforma recebe de 30% a 50% do valor pago pelo usuário.

Ainda relacionando os modelos de negócios, Gilberto falou sobre o Catch-up TV. Esse modelo se caracteriza por ofertar conteúdo ao usuário por um período determinado de tempo, sem a exigência de um pagamento extra. Conteúdos de grades de programação linear dos canais que acabam sendo disponibilizados numa plataforma de VoD, como um valor agregado ao canal.

Finalmente, há o modelo de TV Everywhere, em que o usuário pode ter acesso à plataforma através de dispositivos móveis e aplicativos.  Similar ao Catchup TV, porém com a condição do usuário estar logado no sistema. Assinantes de TV paga que podem acessar o conteúdo contratado inicialmente para TV, por meio de um app mobile. Esse tipo de exibição não constitui uma nova janela de exibição do conteúdo. Por isso, não há a necessidade do pagamento de CONDECINE novamente.

Regulamentação do mercado de VoD.

Há alguns meses, quando a ANCINE anunciou estar avaliando a regulação do mercado de VoD, uma imensa polêmica foi gerada nas redes sociais. O modelo de regulamentação ainda está sendo desenvolvido pela ANCINE e será feito nos mesmos moldes da Lei 12.485. Isso vai envolver também a regulamentação dos dados de BigData dos usuários.

Apesar da confusão e da polêmica, considero importante a regulamentação desse tipo de serviço assim como foi feito com a TV paga. A oferta de conteúdo nacional e independente em todas as plataformas é o que vai gerar sustentação para o mercado audiovisual brasileiro no futuro, descentralizando ainda mais a criação e a produção. E descentralizar é muito importante. Contudo, é preciso observar esse assunto mais de perto para que as políticas públicas não criem empresas viciadas em renúncia fiscal e nas linhas de fomento do governo.

Da maneira como elas estão sendo desenhadas pela ANCINE, acho que essas políticas de fomento podem ajudar na criação de novas empresas produtoras, e no desenvolvimento das pequenas que já existem, dando a elas a possibilidade de andar com as próprias pernas depois.

Pay-per-view é VoD?

O modelo de pay-per-view não é considerado vídeo sob demanda. Isso porque o pay-per-view opera com uma grande de programação linear e comercializa o acesso a essa programação por determinado período de tempo. Apesar de ter várias opções de horários de transmissão, o usuário não tem a possibilidade de escolher quando assistir.

O modelo de EST (eletronic sell-through) ou DTO (download to own), também não é considerado VoD. Nesse caso, o usuário faz o download do conteúdo para sua própria máquina, se tornando proprietário do conteúdo. Diferente do que acontece no VoD, que trabalha com streaming de conteúdo alugado.

Evolução do mercado de Video On Demand

As plataformas de vídeo sob demanda podem funcionar em dois tipos de redes. As redes fechadas são aquelas redes de propriedade de empresas privadas. O serviço NOW, por exemplo, é oferecido apenas dentro da rede da operadora NET. O outro tipo de rede é a aberta, onde as plataformas podem ser acessadas por meio da internet.

Anteriormente, as plataformas de VoD trabalhavam com modelos de negócios distintos em suas redes. Cada plataforma se especializada em um modelo, excluindo os outros de seus negócios. Com o passar do tempo eles foram percebendo a importância de operar com modelos de negócios variados. Portanto, atualmente algumas plataformas podem trabalhar ao mesmo tempo com TVOD e SVOD, por exemplo.

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