The Last of Us, review da história do jogo.

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The Last of Us é um daqueles títulos exclusivos para playstation que podem fazer você mudar de ideia ao comprar um console novo. Do mesmo jeito que God of War já fez no passado. Se você está em dúvida se deve comprar um console da SONY ou um da Microsoft, depois de jogar alguns minutos desse game sua dúvida vai acabar e você vai sair da loja com um PS embaixo dos braços. Neste The Last of Us Review você vai saber mais sobre esse jogo de zumbi com uma narrativa pra lá de boa, jogabilidade bastante particular e gráficos bem bonitos.

Nesse post, vou traçar um breve review da história do jogo, assim como fizemos com títulos como Horizon Zero Dawn. Se você ainda não jogou esse game, mas pretende jogar, não leia esse post. Vou entregar toda a história aqui. E vê se compra logo o jogo e depois volta aqui pra ler o post até o final. =)

SPOILER ALERT! Leia esse post somente se você já tiver terminado o jogo, ou se não pretende jogá-lo, ou se não liga pra nada disso.

 

Infectados do The Last of Us

Universo pós-apocalíptico em The Last of Us.

Antes de mais nada, esse é um jogo de zumbis com a mesma premissa que já vimos em outras histórias famosas do gênero, como por exemplo o jogo Resident Evil e a série The Walking Dead. Um vírus mortal está se espalhando desenfreadamente, transformando todos em zumbis. Assim como acontece no Walking Dead, nós não sabemos de onde veio esse maldito vírus. Diferente do que acontece no Resident Evil, que o vírus é resultado de experiências genéticas feitas pela Umbrella.

Os zumbis de The Last of Us são um pouco diferentes do que vimos nas outras franquias desse gênero. Eles não são os mortos-vivos do Walking Dead. São vivos transformados em monstros, que tentam comer quem passa por perto. É mais parecido com o Resident Evil. Alguns deles não possuem visão, pois as mutações transformam suas cabeças numa espécie de capacete feito de corais mega duros. Há zumbis em estágio avançado de mutação, que possuem praticamente todo o corpo coberto por essas placas rígidas. Quando topar com um desses, prefira os molotovs e o lança-chamas.

Melodrama interativo com uma única linha narrativa.

Cenário urbano pós-apocalíptico.

A história desse jogo é um dramalhão e tanto, digno de novela. Há apenas uma linha narrativa para evoluir, e o jogo não é de mundo aberto. Começamos o game conhecendo o protagonista Joel e sua filha Sarah de 10 anos de idade vivendo uma vida normal. Joel chega da rua tarde da noite e encontra Sarah dormindo no sofá com a TV ligada. Eles conversam brevemente e Sarah lhe dá um presente de aniversário. Um relógio de pulso novo. Mais alguns minutos e Sarah dorme novamente. Joel a leva para a cama. Algum tempo depois, Sarah acorda com uma ligação. É seu tio Tommy, desesperado procurando pelo Joel.

A primeira interação do jogador com o game é feita nessa cena. Começamos jogando com a garotinha. Devemos procurar por Joel no quarto dele. Enquanto andamos pela casa, é possível perceber uma agitação na rua, com sirenes, gritos e latidos de cachorro. Joel não está no quarto. Quando descemos para a cozinha da casa, encontramos Joel lidando um zumbi, que aparentemente era seu vizinho. O infectado quebra a porta de vidro, tenta atacar Joel que o mata com um tiro na garganta. A garota começa a ficar em choque. Há mais zumbis vindo e eles precisam fugir.

Joel encontra o irmão Tommy, que pega o carro e sai em fuga. Ainda estamos jogando com a garotinha. Dentro do carro, podemos olhar pelas janelas e perceber o pânico na rua. Algum tempo depois um outro carro bate violentamente contra o carro deles, capotando-o. Joel tenta tirar Sarah do carro enquanto infectados avançam. Nessa hora, Tommy aparece para salvá-los. Eles se escondem num bar. Tommy manda Joel e Sarah fugirem pela estrada enquanto ele ganha tempo no bar. Joel carrega Sarah no colo correndo para fugir dos zumbis que estão por toda a parte. Quando eles estão quase sendo pegos, um militar salva os dois.

Soldado mata Sarah.

Após matar os zumbis, o soldado reporta o ocorrido para a base que ordena que ele mate Joel e Sarah também. O soldado contesta e depois hesita. O chefe dele repete a ordem no rádio, e o soldado obedece atirando contra um pai carregando uma garotinha de 10 anos ferida no colo. Joel pula e tenta se proteger dos tiros. Quando está prestes a ser executado, Tommy aparece novamente e mata o soldado. Joel vai ver como está Sarah e percebe que ela levou um tiro na barriga. Ele abraça a filha e chora. Sarah morre. Fade out.

Essa abertura toda possui 16 minutos. Pra quem não jogou e quer sentir o clima desse game, veja o vídeo abaixo:

 

The Last of Us review: A opção pelo drama.

Descrevi o prólogo do jogo para chamar a atenção para uma opção feita pelos roteiristas. Por que começar o jogo obrigando o jogador a controlar a garotinha, que não tem muitas opções de combate, e não usar o Joel? Em primeiro lugar, essa é uma ótima maneira de introduzir o universo onde se passará a história. Pelos olhos de uma criança, vamos entendendo o que se passa aos poucos. Sem muito impacto, mas com uma boa dose de intensidade.

Em segundo lugar, a opção narrativa é o drama e não o jogo pelo jogo em si. Por isso, a jogabilidade deve dividir espaço com a narrativa. Ao contrário dos games que revestem a jogabilidade com uma narrativa, como faz Resident Evil, The Last of Us misturou as duas coisas com mais propriedade. A jogabilidade é alterada em alguns momentos para valorizar a narrativa.

Ellie e um zumbi casca grossa.

Para caracterizar o drama, é preciso reforçar os conflitos dos personagens e aproximá-los do público causando identificação. Por isso começamos com a garotinha que procura pelo pai. Se o jogo começasse com o Joel, a primeira missão seria matar o vizinho que invade a casa. A identificação com a história seria menor. Afinal, não estamos acostumados a sair por aí atirando nos outros.

A garotinha morre no final da cena, Joel chora horrores. E assim começamos a nos identificar com o protagonista, que está sofrendo a dor de uma perda. Dor que não será facilmente cicatrizada e irá comprometer o destino da humanidade.

Imersão profunda nos personagens.

Fazer o público entrar no universo da história não é tarefa fácil . No cinema, os diretores possuem ferramentas importantes para fazer isso, como a trilha sonora impactante, uma boa sonoplastia nas cenas, planos de câmera repletos de significado. Além disso, a tradição manda assistir filmes numa sala escura. Isso ajuda o público a esquecer o que está a sua volta, colocando-os para dentro da história.

Mas os games são uma mídia interativa por natureza. Por isso eles possuem uma ferramenta que o cinema não tem. The Last of Us tem uma ótima direção cinematográfica e usa a jogabilidade pra causar uma imersão ainda maior. A jogabilidade é dramática, como você poderá ver no tópico abaixo.

The Last of Us Review: Jogando com um moribundo.

Voltando pra história do jogo. O mundo vira um caos com a explosão do vírus. Milhões morrem. Os sobreviventes começam a se organizar em clãs que lutam uns contra os outros por recursos. Nesse cenário, Joel se torna um contrabandista e tem uma parceira chamada Tess. Eles estão tentando recuperar um carregamento de armas que foi roubado deles, quando se deparam com Marlene, uma líder do clã Fireflies. Marlene diz que está com as armas e que irá devolvê-las caso o casal de contrabandistas cumpra uma missão pra ela: levar uma garota de 14 anos até o outro lado do país, para a sede dos Fireflies.

Essa garota se chama Ellie. Quando ela entra na história, percebemos que Joel não aceitou muito bem a morte de sua filha há anos atrás. Ele tenta se manter afastado de Ellie, mas na medida em que o jogo evolui, especialmente após a morte de Tess, os dois se tornam bem próximos. Algum tempo depois, Joel descobre que a garota é imune à infecção que transforma todos em zumbis. Uma vacina pode ser desenvolvida com os recursos médicos do clã Fireflies. Por isso ela precisa tanto chegar em seu destino.

No meio da cruzada deles, já num estágio avançado do jogo, acontece a cena abaixo:

 

Putz! O protagonista morre! Isso é muito impactante pro jogo. Um tremendo ponto de virada que por si só já deixa a história interessantíssima. A morte dele acontece devagar e somos obrigados a participar do sofrimento de Joel, controlando um jogador moribundo em seus últimos instantes de vida. A direção cinematográfica é ótima, e o uso da interatividade do game pra causar imersão foi sensacional.

Conflito psicológico do herói imperfeito.

Na sequência seguinte ao apagão de Joel, Ellie está caçando um veado quando encontra com dois sobreviventes de outro clã. Ela negocia a troca do veado que caçou por antibióticos. Aí descobrimos que Ellie conseguiu levar Joel para um lugar seguro e costurar sua ferida. Ela lhe dá os antibióticos, mas é obrigada a fugir do local pois os membros do clã seguiram-na até seu esconderijo. Quando Ellie é finalmente capturada, Joel acorda e voltamos a jogar com o protagonista. Dessa vez, milagrosamente menos moribundo.

Essa cena reforça ainda mais o relacionamento dos dois, que nessa altura já está quase entre pai e filha. Joel e Ellie conseguem aniquilar o clã, matando praticamente todos os seus integrantes. Em seguida, eles retomam sua jornada rumo ao quartel dos Fireflies. Joel não fica mais nervoso quando Ellie pergunta sobre Sarah. Ele até conta algumas coisas sobre a filha que perdeu, e sobre como elas iriam se dar bem juntas.

Parece que Joel está aceitando melhor a morte de sua filha. E isso acontece justamente quando a relação dele com Ellie se torna muito próxima. Ou seja, nosso herói está substituindo uma filha por outra. Ellie preencheu um buraco emocional de Joel. Quando eles finalmente chegam ao quartel dos Fireflies, Joel e Ellie são separados. Ellie irá para uma mesa de cirurgia, onde passará por um procedimento para que seja retirada uma amostra da mutação imune que ela tem. Joel descobre que esse processo irá matá-la.

The Last of Us Review Final Scene
Paralelismo com a cena inicial.

O que você acha que ele vai fazer? Entregar Ellie para os únicos indivíduos capazes de desenvolver uma vacina para salvar a humanidade e se conformar com a morte da sua segunda filha? Ou resgatar a garota daquela mesa de operação, mesmo que seja preciso matar todo mundo que esteja pelo caminho? É claro que ele opta pela segunda opção. Repare no paralelismo com o início do jogo. Joel está com a filha nos braços, com alguém lhes apontando uma arma. Ele não pode errar dessa vez. E ele não erra.

 

Depois dessa mentira deslavada do Joel é que podemos entender melhor o nome do jogo. Sem uma vacina, todos irão morrer. E quem irá morrer por último é Ellie. A garota imune será a última de nós.

Excelente história. Excelente a maneira como desenvolveram os conflitos. Excelente jogabilidade. Sem dúvidas, mereceu cada prêmio que ganhou. Esse foi um breve review sobre a história, mas há muito mais para ser analisado. Dê seu palpite também nos comentários.


Post atualizado em 07/04 – Idade de Ellie é 14 anos, e não 10.

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Com uma história envolvente, The Last of Us traz muita emoção ao longo da aventura. O jogo exige estratégia do jogador por meio de uma mecânica baseada em escassez de recursos, o que ajuda a potencializar o impacto da trama. The Last of Us, review da história do jogo.