Fórum Brasil TV 2014 – Exemplos Internacionais: Portugal, Israel e Turquia

Audiovisual > Fórum Brasil TV 2014 – Exemplos Internacionais: Portugal, Israel e Turquia

Para que o mercado de televisão brasileiro possa evoluir, é preciso aprender com exemplos de sucesso nacionais e internacionais. Neste painel, o Fórum Brasil de TV trouxe três exemplos do exterior para comentar a evolução de seus negócios. São representantes de três países que possuem um mercado menor do que o nosso, mas que já conseguiram se posicionar como exportadores de peso.

Os exemplos internacionais.

Farrel Meisel, Diretor de Desenvolvimento da Global Agency, veio para falar da sua experiência na Turquia. Amos Neumann, COO da Armosa Formats falou sobre o mercado de Israel, enquanto Miguel Stanley contou sua experiência em Portugal. Com moderação de Fernando Lauterjung, da Tela Viva, o painel teve início com uma apresentação individual de cada participante. Em seguida, eles responderam perguntas da plateia.

A TV na Turquia.

Farrell Meisel

Segundo Farrel, a história da TV na Turquia começou em 1972. Apenas 20 anos depois, em 1992, é que ela se tornou uma operação comercial. Para exemplificar as dificuldades do setor, Farrel falou sobre a produção de dramaturgia. Foi uma época bastante difícil, pois não havia muito orçamento e qualificação para realizar as produções. Era frequente os atores dublarem as próprias vozes depois da gravação, pois se esqueciam das falas durante as cenas.

O governo não se envolve no mercado.

Quanto ao mercado de TV paga, ele acredita que essa não é mais a principal fonte de conteúdo para as pessoas. Serviços de VOD da Amazon e da Netflix possuem um peso importante no mercado. Por isso, eles se tornaram uma ótima opção para monetizar o conteúdo que já foi produzido. Farrel acredita que os desafios do mercado brasileiro são muito parecidos com os da Turquia ou de outros países. Para ele, é importante diversificar os conteúdos, ter uma boa gestão na produção e oferecer ao público aquilo que ele quer ver.

A TV em Israel.

Amos Neuman
Amos Neuman, o mercado em Israel.

Amos foi breve em sua fala. Ele trouxe alguns números para ilustrar o desempenho do mercado Israelense. No ano de 2005, haviam cerca de cerca de 70 títulos Israelenses sendo produzidos em 30 países. Dentre as 70 produções, 20 foram feitas no Brasil. Para justificar o sucesso, Amos lembrou que a TV comercial em Israel começou a operar somente no ano de 1993. No início, os recursos para a produção eram bastante escassos, pois ainda não havia o dinheiro da publicidade para financiar as produções de TV.

Do dinheiro arrecadado com essas produções, 65% dos recursos vão para os produtores e não para as emissoras.

A falta de verbas generosas para produção obrigou os criadores de TV a pensarem e a produzirem conteúdos que fossem bons e baratos. Alguns fatores culturais ajudaram também nesse processo. Como por exemplo, a capacidade para correr riscos ajuda no surgimento de novas ideias.

Além disso, o roteiro era pensado de modo a se tornar algo global. Mas isso não significa apelar para situações generalistas dentro das histórias. Segundo Amos, o sucesso internacional vem exatamente quando a produção representa muito bem o local de onde ela veio. É preciso primeiro fazer sucesso dentro de suas fronteiras, para depois exportar seu produto para outros mercados. Ele fechou sua fala dizendo que é importante fundir gêneros para criar coisas novas, e que é preciso ouvir o que a audiência tem a dizer.

A TV em Portugal.

Miguel Stanley
Miguel Stanley, o exemplo Português.

Miguel Stanley optou por falar de sua trajetória pessoal para ilustrar sua experiência no mercado de TV. Ele veio da área médica e começou a atuar em programas de transformação. Miguel enfatizou que esse tipo de programa exige muita responsabilidade da parte do produtor, pois é algo que afeta diretamente a qualidade de vida das pessoas envolvidas.

Em Portugal não há política de incentivos.

Além disso, ele ressaltou que os programas de transformação que fazem sucesso são aqueles que enfatizam a história dos participantes e não a figura do médico. Miguel mostrou alguns exemplos de programas que apresentou.

As perguntas do painel.

Sobre os modelos de negócios dos programas de transformação:

Stanley: É baseado em ações de merchandising para indústria farmacêutica e hospitalar.

Como se deu a formação do mercado em escala?

Amos: O mercado brasileiro e israelense são muito diferentes, especialmente em tamanho. Em Israel há muito mais ideias do que plataformas para exibir, pois existem apenas duas emissoras comerciais. Os produtores e criadores precisam sair do país para poderem veicular seus programas e serem donos de suas ideias.

Farrell: A TV comercial Turca estava passando por um momento de crise criativa, onde elas apenas imitavam umas as outras. Não existia capacidade de produção e nem sustentabilidade para o mercado. A vantagem dos países em desenvolvimento é a de que existe um espírito de querer dar certo. Para isso, é preciso que o mercado seja sustentável.

Quanto custa produção da série Hostages nos EUA e em Israel?
Amos: A produção nos EUA é 33 vezes mais cara.

Como fazer para financiar a produção local?
Amos : A principal característica da produção que busca financiamento, é a de que ela deve ser barata de se produzir. Se o orçamento for muito alto, dificilmente o dinheiro da publicidade irá investir na produção.

Existe política pública para estimular o financiamento e a exportação de programas?
Stanley: Em Portugal não há política de incentivos.
Farrell: Na Turquia também não. Os donos dos canais estão no mercado porque gostam e porque possuem outros negócios para financiar a produção. O governo não se envolve no mercado. Isso é tido como um dos motivos para o crescimento e o sucesso do mercado Turco.
Amos: Em Israel o governo só cobra, não dá nada. Cerca de 80% da produção da TV aberta é de conteúdo nacional. Do dinheiro arrecadado com essas produções, 65% dos recursos vão para os produtores e não para as emissoras.

Como é a questão da vocação para a produção? O país precisa ter uma vocação?
Stanley: Deve-se apenas fazer algo que se sabe fazer, e assumir o risco dele dar errado.
Farrell: É preciso fazer algo que vale a pena, que seja importante. Afinal de contas, ninguém sabe pra onde estamos indo. O mercado está se transformando muito rápido. Produzir algo pensando exclusivamente no mercado pode não ser o caminho certo.
Amos: Não é preciso ter uma vocação, é preciso ter os meios para decidir quais conteúdos levar ao ar. É muito importante saber selecionar, fazer a peneira das boas histórias.

[/spb_text_block]

Leia também

Leia também

spot_img