Pra falar do DOOM 3, temos que voltar um pouco na história. Quem foi gamer nos anos 90, certamente jogou algum episódio da franquia DOOM, da empresa Id Software. Pra quem não sabe, a história da Id Software está bastante ligada ao desenvolvimento dos games estilo “shooter” em primeira pessoa. O primeiro jogo desse gênero foi criado por eles e se chamava Wolfenstein 3D.
O jogo fez tanto sucesso, que não demorou muito pra empresa crescer e lançar outro título utilizando a mesma ‘engine’ (sobre esse assunto, é importante destacar que essa ‘engine’ da Id Software foi vendida para outras empresas de jogos, que lançaram títulos como HEXEN e HERETIC. Lembram como esses jogos eram parecidos?).
DOOM chegou ao mercado em 1993. A temática de todos os títulos da série é praticamente a mesma. Uma história de terror, criada num ambiente de ficção científica futurista. Você é um fuzileiro que foi enviado para fazer a segurança de uma plataforma de pesquisas científicas da UAC (Union Aeroespace Coorporation) em Marte. Os cientistas da UAC estão realizando testes secretos com teletransporte entre duas luas de Marte, Phobos e Deimos. Durante os experimentos, alguma coisa dá errado. A lua Deimos simplesmente some e monstros começam a sair de um portal em Phobos, matando e possuindo todos os funcionários da estação.
Sua unidade chega a Phobos atendendo um pedido de socorro. Você fica de guarda num galpão enquanto sua equipe entra na estação. Adivinha o que acontece? Os demônios matam todo mundo e sobra somente você com apenas uma pistola na mão. E aí que o jogo começa e a história acaba. As primeiras edições da série não se baseavam muita história, talvez em função do estágio de evolução que a tecnologia de games tinha na época. O principal objetivo era atirar em tudo o que se movia, procurar por munição e achar a saída do ‘level’. Algumas vezes você esbarrava numa porta trancada. Então a missão passava a ser: procure a chave para abrir a porta e então continuar procurando a saída. Esse enredo simples e o gameplay inovador em primeira pessoa registraram a franquia DOOM na história dos games.
História do DOOM 3.
Eis que em meados dos anos 2000, depois de lançar outros títulos de sucesso (como os da série Quake, por exemplo), a Id Software resolve revisitar o seu jogo de terror mais famoso. DOOM 3 chegou para os PCs em 2005 (nessa época minha máquina não aguentava o ‘tranco’ desse jogo). Esse lançamento trouxe um engine bastante avançada para a época, que trabalha muito bem com luz e sombras além de ter uma física bem mais realista. Outro ponto importante foi o aprimoramento da narrativa. Durante o jogo é possível encontrar vários PDAs (uma espécie de smartphone) das pessoas que trabalham na plataforma. Esses PDAs contém audiologs e emails dos personagens. Vasculhar esse conteúdo ajuda a entender o que está realmente acontecendo na plataforma e de quebra você pode encontrar um código para algum dos armários de munição.
Como eu disse, o contexto da série DOOM é sempre o mesmo. A diferença no DOOM 3 é que os roteiristas se aprofundaram na questão da exploração arqueológica em Marte (as luas ficaram de lado por aqui). Em alguns audiologs podemos ouvir os cientistas relatarem as descobertas nas ruínas. Algumas dessas ruínas se chamam ‘tablets’. São pedaços grandes de pedra com inscrições. As tablets contam a história do que aconteceu em Marte, além de ensinarem os códigos matemáticos por trás do teletransporte.
Essa tecnologia do teletransporte abriu acidentalmente um portal para os monstros invadirem e dizimarem Marte. Para sobreviver, um fuzileiro programou o aparelho para realizar o teletransporte para a Terra e em seguida o destruiu, fechando o portal. Milênios depois, a humanidade chega (ou seria retorna?) para explorar o planeta. Durante a busca pela história de Marte, eles descobrem que ali está a nossa própria história. Aos poucos, os cientistas humanos concluem que, na verdade, somos uma civilização marciana que fugiu para a Terra após ter feito uma grande cagada em Marte. Cagada esta, que acabou de se repetir!
Apesar do storytelling ter melhorado no DOOM 3, o jogo continua com sua essência. Procure a saída do level até achar uma porta trancada. Então procure pela chave da porta para continuar procurando a saída do level. Tomara que o DOOM 4 nos ofereça um aprofundamento maior na narrativa, dando ao jogador mais possibilidades de escolhas dentro do jogo. E é claro, que traga mais sangue e monstros mais feios pra gente matar!!!
