Debates sobre audiência: NETFLIX versus TV

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Não é de hoje que você ouve falar da NETFLIX. O maior serviço de Subscription Video on Demand (SVOD) do mundo causou um impacto grande no mercado de TV quando resolveu investir pesado em produções originais. Eles, que já haviam alavancado a série Breaking Bad originalmente produzida pela AMC, conseguiram colocar a série original House of Cards na lista de indicados de prêmios como o Emmy Awards e Globo de Ouro, levando inclusive alguns prêmios pra casa.

Além da NETFLIX, outros provedores de VoD têm feito um certo barulho no Brasil e no exterior. A Amazon, com o seu serviço Amazon Prime, adotou a estratégia da NETFLIX apostando em conteúdo original distribuído pela internet. Isso sem falar nos produtores que apostaram no YouTube como plataforma principal de distribuição e hoje colhem os louros do sucesso de seus canais. A internet avança a passos largos sobre o conteúdo de TV. Como será que as emissoras estão reagindo?

NETFLIX versus TV: Quem vence essa briga?

O mercado de VoD cresceu muito nos últimos anos liderado pelo sucesso de duas grandes plataformas: NETFLIX e YouTube. A primeira se estabeleceu como referência na produção de conteúdo original em diversos formatos. Séries, longas e documentários com uma boa qualidade de produção chegam à plataforma todos os anos. A segunda é uma casa que está sempre de portas abertas para qualquer tipo de produção de vídeo. Não há filtros para a publicação do conteúdo. Todos podem publicar, mas só faz sucesso quem tem relevância.

O primeiro sintoma do avanço da internet está na queda dos números de audiência dos canais da TV aberta e fechada. Isso não é algo novo. É uma tendência que está se mostrando mais intensa a cada ano que passa, levantando as orelhas dos executivos de televisão ao redor do mundo. Um artigo publicado pela Variety aponta para uma queda de 3% na audiência geral da televisão aberta americana. Segundo o estudo, metade desse índice é culpa da NETFLIX.

Kevin Spacey recebe Globo de Ouro
Kevin Spacey recebe Globo de Ouro de melhor ator em série de Drama, por sua atuação em House of Cards.

Para se ter uma ideia do que a gigante do streaming representa em termos de consumo de programação, hoje eles já são maiores do que redes como AMC e A+E. Porém, a NETFLIX ainda continua atrás dos sete maiores conglomerados de mídia: Disney, Viacom, NBCUniversal, Time Warner, CBS, 21st Century Fox e Discovery. No Brasil, em termos de faturamento, a NETFLIX é maior do que a BAND e a RedeTV!, com receitas na casa de R$ 500 milhões ao ano.

Esse crescimento abriu espaço para diversos serviços de VoD. Nos EUA já são mais de 200 provedores. No Brasil há cerca de 30 plataformas de vídeo sob demanda. Muitas dessas plataformas são uma resposta das programadoras de TV paga e aberta para o avanço dos gigantes digitais. Uma resposta muito importante para a TV combater o segundo sintoma do avanço da internet: a perda das suas receitas publicitárias para os concorrentes digitais.

Entrada das emissoras no VoD.

Vários canais e programadoras de TV possuem seus próprios serviços de VoD. Canais estrangeiros estão ofertando seus conteúdos em plataformas próprias, como o HBO Go e FOX Play. A VIACOM, dona de canais como Nickelodeon e MTV, lançou o aplicativo Viacom Play Plex, que traz uma proposta interessante ao agregar no mesmo aplicativo serviços de VoD, programação linear e games.

 

Portanto, a presença dos canais de TV no mercado de VoD já é uma realidade. Inclusive no Brasil. O NET NOW é abastecido com a programação dos diversos canais ofertados pela operadora NET. A Globo colocou no ar em 2016 o Globo Play. A Rede Record implantou o R7 Play. Já o SBT entrou na onda do ‘on demand’ há quatro anos, quando fechou uma parceria com o YouTube. Segundo artigo da revista PropMark, que entrevistou o Diretor de Multiplataformas do SBT, Rodrigo Marti, 18% de toda a audiência do YouTube no Brasil é de conteúdo do SBT.

Contudo, o avanço dos canais sob o mercado de VoD chegou tarde. Os players de VoD já estavam nadando de braçadas nesse oceano azul da distribuição digital quando as emissoras acordaram para isso. Agora eles navegam cada vez mais pelos mares da produção de conteúdo original, invadindo as águas antes dominadas por produtoras, emissoras e estúdios de cinema. NETFLIX e Amazon Prime são duas plataformas que estão investindo pesado em originais, usando as análises de BigData para identificar melhor as demandas de seu público.

TV e audiência: uma nova relação para o futuro.

Porém, como diz o ditado, antes tarde do que nunca! A grande vantagem das emissoras possuírem suas próprias plataformas de VoD é a possibilidade de monitorar detalhadamente o consumo de seus produtos. A tomada de decisão dos executivos pode ser facilitada com as análises de BigData apontando as tendências de consumo de sua base de usuários.

A formação de comunidades online ao redor de seus conteúdos também pode ser uma outra maneira de conhecer melhor o público. Além disso, uma base de seguidores oferece novas possibilidades de monetização do conteúdo. Vide YouTubers de sucesso e as MultiChannel Networks.

Com o tempo, Televisão e VoD vão se adaptar ao novo cenário. A chegada dos estúdios digitais ao mercado de produção de conteúdo vai fazer com que a TV invista mais em inovação. Ao contrário do que muitos pensam, a TV não vai acabar. Porém, ela certamente vai se tornar algo diferente do que conhecemos hoje.

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