RCM 2016 – Multichannel Network – FullScreen

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A cada ano a importância dos serviços de VoD aumenta no mercado de TV mundial e a ascensão dessas plataformas está mudando a maneira como as novas gerações consomem vídeo. O impacto disso já pode ser sentido nos números de audiência. Neste ano, o RioContent Market apresentou um painel muito interessante sobre as Multichannel Networks, que nasceram no Youtube e prometem revolucionar a maneira como celebridades surgem e se relacionam com a audiência. O painel contou com o fundador da FullScreen, George Strompolos, para explicar como a empresa surgiu, como ela cresceu e como ela atua.

Como a FullScreen Network começou?

George contou que a FullScreen tem cinco anos de vida. Ele trabalhava na área de parcerias do YouTube e ideia inicial era produzir conteúdo para a plataforma trabalhando com as majors de media, mas isso não foi muito produtivo. Naquela época as pessoas já estavam levando o YouTube como sua própria emissora de TV. Esses YouTubers foram a primeira geração de pessoas capaz de produzir e distribuir conteúdo internacionalmente.

Para George, isso havia mudado a mídia dramaticamente. Então, ele foi aos anunciantes para dizer como era importante essa audiência para as pessoas mais novas e como isso poderia representar boas oportunidades de negócios. Todos riram dele. Foi quando George resolveu esquecer seu projeto inicial, e começou uma nova companhia capaz de empoderar essa nova geração de criadores.

Pessoas como vocês estão mudando o jogo ao redor do mundo.

Foi assim que nasceu a FullScreen, uma empresa que hoje conta com uma equipe de 650 pessoas que tem o objetivo de empoderar criadores de conteúdo, desenvolvendo talentos da base até o topo de suas carreiras.

O crescimento da FullScreen.

Quando a FullScreen começou, boa parte da motivação da companhia estava no fato de que os outros riam do que eles estavam fazendo. Hoje não riem mais. George disse que hoje eles possuem a próxima geração de estrelas e celebridades. Mas eles não falam mais em próxima geração, pois George vê a FullScreen e suas celebridades como um fenômeno atual.

George disse que boa parte do sucesso de um canal vem das redes de amigos. A amizade ajuda a crescer a ideia e o produto organicamente. Com uma base de assinantes crescendo já é possível negociar com anunciantes. E a FullScreen trabalha com os grandes: Ford, AT&T, Toyota, Coca Cola, etc.

A Multichannel de George investe pesado na geração de novos talentos. Isso é feito porque, segundo uma pesquisa citada por George, 35% das pessoas que possuem menos de 35 anos assiste menos TV do que gerações anteriores. Não porque eles não gostam do conteúdo, mas sim porque gostam de consumir do jeito deles.

O desafio comercial é grande. Intervalos comerciais não existem no mundo não linear da internet. Além disso, algumas plataformas não possuem espaço para publicidade. Então a maneira como o anunciante tem de se conectar com sua audiência é se aliando ao produtor de conteúdo. Bilhões de dólares da publicidade são destinados a campanhas de televisão. O fato é que essa mídia vem perdendo terreno a cada ano. Portanto, um cenário promissor para as webcelebrities está a caminho.

Monetizando bases de assinantes.

Muitos dos YouTubers de sucesso não são empreendedores, mas conseguem reunir uma boa base de assinantes. A questão é como monetizar essa base. É difícil esperar que a solução dessa questão venha deles. Contudo, hoje uma coisa é fato: Hollydwood não ri mais, e eles ainda fazem casting para suas produções baseando-se em quantidades de seguidores, views e assinaturas que as celebridades possuem em seus canais.

Fullscreen e Social Media

Neste assunto, George explicou que o YouTube é o primeiro destino do conteúdo que eles produzem. Ele chamou a atenção para o fato do YouTube ser a única plataforma de Social Media com anúncios em larga escala que paga para os criadores de conteúdo. A FullScreen trabalha sobre esse modelo de negócios.

Contudo, o YouTube não é o centro do mundo. Os criadores de conteúdo são o centro. As plataformas funcionam com um sistema solar, orbitando ao redor do criador de conteúdo e oferecendo as ferramentas necessárias para ele produzir, distribuir, divulgar e monetizar seu conteúdo e sua carreira.

George apresentou um vídeo de demonstração de um conteúdo que eles produziram para o Snapchat, utilizando o enquadramento vertical de vídeo. Haviam inclusive efeitos especiais produzidos para essa série de vídeos no Snap, o que indica um investimento mais qualificado.

A compra da Roaster Teeth

A produtora Roaster Teeth foi comprada pela FullScreen há dois anos. Eles são os criadores e produtores da série de animação mais longa da história da internet Red vs. Blue, dentre muitas outras coisas. Esses vídeos vieram antes do YouTube existir e a série já conta com diversas temporadas. O conteúdo era publicado na Machinima, maior plataforma de vídeo para gamers.

Segundo George, o novo modelo de negócio no Show Bizz vai envolver um estúdio e uma marca desenvolvendo um talento criativo. Eles produzem ‘in house’ e distribuem o conteúdo para os fãs, criando uma comunidade nesse processo. As plataformas de social media surgem para captar os fãs e criar monetização.

Além disso, há um modelo de assinaturas em que o fã paga cinco dólares por mês para ter acesso à primeira janela do conteúdo. Atualmente, eles possuem uma base de 20 milhões de inscritos com potencial para se tornarem assinantes do serviço. Esse projeto de assinaturas foi lançado em Dezembro de 2015 e já é o 10º serviço de Video On Demand mais assinado nos EUA.

Roaster Teeth versus Netfilx.

Quando questionado se esse não seria o mesmo mercado em que a Netflix atua, George explicou que a melhor comparação entre as duas empresas é o mercado de TV aberta e o de TV paga. Na TV aberta as produções são direcionadas às massas, para atender o maior número de pessoas possível. Por outro lado, na TV paga é possível trabalhar nichos de público, direcionando melhor a produção de conteúdo.

A FullScreen trabalha com nichos. Youtube é o extremo do mercado de nicho, pois todos podem ter seu próprio canal. Um fato interessante levantado por George é que poucas empresas de media possuem comunidades fortes. Ele reforçou a tese de que o futuro desse mercado é produzir conteúdo in house e criar uma comunidade nesse processo.

Lazer Team e o poder de uma boa base de fãs.

Bases de assinantes geram oportunidades de negócios. A FullScream criou um crowdfunding para arrecadar 250 mil dólares. O objetivo era a produção de um longa metragem inspirado no universo dos games, que conta a história de quatro idiotas de uma cidade do interior tentando salvar a terra de uma invasão alienígena. As doações dos fãs ultrapassaram 3 milhões de dólares. O filme foi feito e lançado ano passado.

Veja o trailer de Lazer Team:

 

Para se ter uma ideia do potencial dessa base de assinantes, a Roaster Teeth possui cerca de 30 milhões de seguidores. Apenas 35 mil financiaram a produção do longa metragem. O filme foi distribuído pelo YouTube Red, serviço de assinaturas do YouTube, e também por download no Google Play. Além disso, ainda teve exibição em 500 salas de cinema depois de muitos pedidos do público.

Internacionalização do conteúdo.

George falou sobre a internacionalização das produções, dizendo que é um grande desafio. A maior parcela de audiência dos vídeos vem de fora dos EUA, portanto é importante estar em todos esses mercados.

A FullScreen é uma empresa global desde o dia 1, porque a audiência é global.

Existem um formulário de aplicação para se tornar um membro da FullScreen, não importando o país em que você está. Contudo, ele admitiu que os modelos de produção ainda não estão amadurecidos para trabalhar fora dos EUA. Isso ainda é um assunto em estudo pela FullScreen.

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