Projeto para TV: Modelo de Negócios

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Estamos chegando ao último post da série sobre projetos para TV. Depois de uma introdução geral ao tema projetos para televisão, nós abordamos a criação para TV para em seguida detalhar as etapas que estão envolvidas na produção de um projeto audiovisual. Nós também falamos sobre orçamento e disponibilizamos um modelo de planilha de orçamento para download. Para encerrar essa série, vamos abordar o modelo de negócios dos projetos de TV.

Se você tem dúvidas, sugestões ou informações úteis para compartilhar nesta série de artigos, deixe seu recado na área de comentários.

Projeto para TV – Modelo de negócios.

O modelo de negócios do projeto para TV tem muito a ver com o financiamento da produção, mas não está restrito a isso. Ele é necessário para que os executivos de TV percebam a viabilidade econômica da sua ideia. Além de ter a certeza de que o projeto ‘se paga’, é preciso saber como ele fará dinheiro e trará lucro aos envolvidos. É através do modelo de negócios que você irá mostrar isso aos possíveis parceiros.

Todo o planejamento que foi realizado até aqui faz parte do seu modelo de negócios. Já sabemos qual é a ideia, quais são os recursos necessários para tirá-la do papel, quem são os profissionais envolvidos e qual é a estimativa de custos e prazos para sua realização.  Mas ainda faltam algumas questões importantes como:

  • Quem são os parceiros dessa produção e como eles colaboram no projeto?
  • Onde o programa será exibido?
  • Como a produção será financiada?
  • Quais são as janelas de exibição secundárias envolvidas no projeto?
  • Quais são as oportunidades de lucro com personagens ou marcas relacionadas ao projeto?

Inovação em modelos de negócios.

Para quem quiser se aprofundar em cada uma das etapas de um modelo de negócios, recomendo muito a leitura do livro Business Model Generation, da foto ao lado. Existe tradução em português e o conteúdo é organizado de uma maneira muito didática e simples de compreender.

Quando falamos de modelos de negócios, geralmente pensamos que isso é um assunto muito complexo e que diz respeito apenas aos diretores de uma empresa. Apesar do assunto realmente ser complexo, ele pode ser aplicado no âmbito dos projetos e não somente na gestão da empresa. Certamente, durante a leitura do livro, você vai reconhecer diversas atividades do seu dia-a-dia como etapas do modelo de negócios da área em que você atua.

A pergunta mais importante: Quem paga a conta?

Saber como a produção será financiada é imprescindível. Existem diversas maneiras de viabilizar seu projeto e nenhuma delas é fácil. Atualmente o governo federal, por meio da Ancine e do Fundo Setorial do Audiovisual, está orquestrando uma série de incentivos para o setor audiovisual. Também existem leis estaduais e municipais de incentivos com base em renúncia fiscal.

Além disso, a possibilidade do investimento direto feito por um grande patrocinador não pode ser descartada. Ainda nessa área do investimento privado, temos também os fundos de investimento. São grupos de investidores que escolhem bons projetos para aplicar seu dinheiro e obter retorno mais tarde. Esse tipo de investimento é muito praticado na área de TI, com a proliferação das startups e dos ‘investidores-anjo’.

No mercado de audiovisual isso também existe, apesar de não ser muito comum. Os investidores querem segurança quanto ao retorno do investimento que irão fazer. Por isso eles escolhem projetos bem estruturados com empreendedores engajados na liderança. Como no audiovisual ainda não existem muitos projetos nesse perfil, há poucos cases desse tipo de investimento. Talvez seja uma boa hora para olhar melhor para o dinheiro privado e deixar de lado a exclusividade dos mecanismos de fomento dos governos em seus modelos de negócios.

Desse modo, podemos dar alguns exemplos de modelos de financiamento:

  • Produção com dinheiro de um único patrocinador;
  • Custo de produção dividido em cotas de patrocínio, para captação de mais de um patrocinador;
  • Produção com dinheiro público, via um único mecanismo de fomento;
  • Produção com dinheiro público combinando vários mecanismos de fomento ao mesmo tempo;
  • Produção com dinheiro público e privado, combinando mecanismos de fomento com aportes de patrocinadores.

Essa lista não é restrita. Ainda podem existir dezenas de outras maneiras de financiar um projeto. Importante ressaltar também que no caso do seu modelo funcionar com dinheiro de incentivo via mecanismos de renúncia fiscal, você vai precisar contratar um profissional chamado ‘Captador de Recursos’. Esse profissional atua diretamente com as empresas que desejam investir nas obras autorizadas pelo governo, apresentando seu projeto e fechando os contratos de financiamento. Portanto, o custo desse profissional deve estar relacionado na sua planilha de orçamento lá na etapa de pré-produção.

Sobre os parceiros.

Quando você terminar o orçamento, será possível identificar quais são os recursos mais caros para a realização do projeto. Também será possível saber quais são mais fáceis ou mais difíceis de serem providenciados. Esse tipo de informação é importante para o modelo de negócios, pois pode te orientar na busca por parceiros.

Se você tem um projeto de ficção científica que exige um número muito grande de efeitos especiais, talvez seja interessante fechar uma parceria com uma produtora de efeitos especiais dando a eles uma porcentagem dos lucros do seu projeto. Assim você consegue baixar o custo de produção, já que você conseguiu um sócio para aquela tarefa, e isso também pode ajudar na venda para as emissoras. Afinal de contas, o impacto de um projeto com vários parceiros pode ser maior e transmitir mais confiança do que apenas um produtor executivo apresentando a ideia para a emissora.

Flexibilidade é ponto chave.

Tenha em mente que o modelo de negócios não precisa ser algo fixo, rígido. Ao procurar por parceiros, fatalmente seu modelo de negócios precisará ser revisto e adaptado. Nessa etapa inicial de criação do projeto é importante desenvolver o modelo de negócios da sua ideia, pois isso lhe dará um norte, uma direção a seguir quando for tentar viabilizar o projeto. Contudo, reveja e adapte o seu modelo sempre que for preciso.

Se você planejou gravar seu projeto com dinheiro de patrocinador e não está conseguindo alguém para pagar essa conta, reveja seu modelo e adapte ele para as leis de incentivo, por exemplo. Não tenha medo de jogar fora a parte do trabalho que não está apresentando resultados.

Além da flexibilidade no modelo de negócios, o autor-roteirista criador do projeto também precisa ser flexível com relação ao conteúdo da obra. Isso não significa que é necessário mudar o projeto ao gosto do patrocinador, mas ceder em alguns pontos às vezes pode ser o fator que vai diferenciar teu projeto dos demais.

Modelo de Projeto para TV.

Elaborei a estrutura de tópicos disponível neste modelo de projeto, com o conteúdo de palestras e de slides apresentados por executivos de TV em alguns fóruns que visitei. Quando for redigir o seu projeto, procure ser objetivo e claro na redação dos textos. Em geral, os executivos de TV não possuem muito tempo para ler os projetos.

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