Video Game High School – Review da série

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Já imaginou uma série juvenil totalmente baseada na temática dos video games? Os jogos eletrônicos fazem parte da infância de boa parte da geração que nasceu depois dos anos 90. Várias referências do mundo dos games fazem parte da linguagem e do comportamento dessa geração. Então criar uma série com essa temática é uma ótima inovação que a TV poderia trazer, certo? Pena que não foi a TV quem trouxe.

Se você tem Netflix, procure pela série Video Game High School. Misturando elementos sobrenaturais dos jogos com a realidade, essa série juvenil me pegou em cheio, apesar de eu já ter passado dos 30. Apesar de ter sido genial no começo, eles se perderam na segunda temporada. Contudo, é importante reconhecer o mérito e a qualidade do trabalho desses caras. Vamos saber mais sobre a série.

Video Game High School no Kickstarter.

As duas temporadas de Video Game High School foram possíveis graças ao financiamento coletivo. Usando o site americano de crowdfunding Kickstarter, eles conseguiram arrecadar 3,6 vezes mais dinheiro do que o orçamento previa. O primeiro episódio é genial. Se você consegue entender inglês numa boa, assista no vídeo acima. Se não, procure pela versão legendada no Netflix.

O financiamento coletivo é uma ótima alternativa para roteiristas que querem emplacar suas ideias. Como o mercado de TV é conservador, nem sempre existe espaço para obras diferentes e inovadoras. Portanto, se você escreve para TV e sua obra é um pouco diferente do que está no ar atualmente, tente levantar o dinheiro através de crowdfunding. Temos alguns sites desse tipo no Brasil. Um dos mais conhecidos é o Catarse.

Video Game High School é a prova de que o financiamento coletivo funciona se sua ideia tiver apelo com o público.

Primeira Temporada e o amor à primeira vista.

A abordagem do VGHS é nova e bastante criativa. A série começa com um grupo de amigos jogando uma batalha de clãs num jogo estilo Call of Duty. Brian D, um dos membros do clã, se atrasa para a partida, mas consegue chegar a tempo de salvar seus amigos. Enquanto isso, uma celebridade desse jogo está num programa de televisão dando uma de ‘bonzão’. Ele resolve invadir um servidor aleatório para mostrar suas habilidades para as gatinhas da TV. Esse cara é conhecido como ‘The Law’ (leia-se The Laaaaaawwwww).

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Essa é uma referência importante. Quem já gastou algumas dezenas de horas jogando algum Shooter online sabe que existe aquele tipo de jogador que nasceu pra isso. Quando esses caras entram no servidor, matam todo mundo e fica muito difícil conquistar uma boa pontuação. Se você não tiver no mesmo time que ele, certamente irá perder. The Law é um cara desse, mas level 300 !!

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Bom, The Law entra no servidor, mata todo mundo e encontra Brian D parado, no melhor estilo AFK (Away From Keyboard). Enquanto seu time é devastado pelo bonzão da TV, Brian D está colocando o gato pra fora de casa. The Law percebe que Brian D está AFK e resolve fazer uma brincadeira, colocando uma granada na cabeça do adversário e se afastando para atirar. Uma bela tensão se instaura, Brian consegue chegar a tempo e reverte a jogada matando The Law. Por causa desse feito, Brian D é escolhido para estudar num colégio que prepara seus alunos para jogar video game. Que colégio é esse? É o Video Game High School.

Boa premissa.

Piadas para gamers.

A série é bem divertida, possui contrastes interessantes e piadas que só quem joga, ou já jogou, poderá entender. Muito bacana a linguagem que eles criaram para os primeiros episódios. Vários gêneros de jogos estão contemplados na série. As turmas, ou panelinhas, na VGHS são separadas por estilos de jogos. Temos o time dos shooters, dos corredores, dos lutadores, dos estrategistas, dos ritmistas e por aí vai.

Um dos personagens tem um conflito muito interessante. Ted é filho de um ritmista muito famoso, uma celebridade do gênero. Ele é induzido a seguir os passos do pai, mas em seu sangue correm glóbulos turbinados. Ted gosta mesmo é de correr, mas ainda não se rendeu à sua paixão. Um dos líderes do time dos corredores descobre essa vocação do garoto e tenta convencê-lo a se tornar um corredor. Quem já brincou por horas num jogo de corrida, não tem como não gostar do discurso que ele faz pra convencer o Ted.

No vídeo abaixo, assista a partir do minuto 4.

 

Vilão onipresente.

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Uma das coisas mais legais na primeira temporada é o vilão. The Law é o grande rival do nosso herói, Briand D. A maneira como esse  vilão foi construído na série é muito legal. Ele possui onipresença, além de outros poderes. The Law assombra Brian o tempo todo. É uma figura muito temida e suas aparições sempre causam impacto na trama, complicando ainda mais a rotina de Brian. Misturar características dos games com o universo real de um colégio foi, sem dúvida, uma ótima ideia.

Saindo dos trilhos.

Video Game High School é um ótimo drama cômico juvenil que foi se perdendo com o tempo. Nos capítulos finais da primeira temporada é possível perceber que o universo criado no início da série foi se perdendo. A segunda temporada inteira possui esse mesmo problema. É como se VGHS tivesse se tornado outra série, mais conservadora. Isso é triste por dois motivos. Em primeiro lugar, o roteirista quebrou o contrato com o telespectador ao não sustentar o universo que foi prometido no início. Ou seja, criou uma expectativa que não foi atendida.

Em segundo lugar, Video Game High School foi produzida com dinheiro de financiamento coletivo para ser publicada na web. Portanto, eles tinham tudo para inovar. Fizeram isso no começo, mas depois deixaram de lado a melhor parte de sua criação. Se esse conteúdo fosse uma produção de alguma emissora de TV, esse formato seria compreensível. Afinal, emissoras precisam agradar grandes públicos e anunciantes. Video Game High School tinha a obrigação de agradar somente aos amantes de games que financiaram a produção.

De qualquer modo, a primeira temporada ainda vale a pena.

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